segunda-feira, 15 de abril de 2013

Uma figura humana - Folha do Sul / 25.Fev.2013

Uma figura humana

        John Maynard Keynes (1883-1946) é certamente uma das figuras mais influentes no pensamento econômico do Século 20. Numa época difícil, entre o fim da Primeira Guerra e o fim da Segunda, suas ideias ajudaram a resolver problemas econômicos que pareciam insolúveis. Hoje quando patinamos em problemas semelhantes, seria interessante uma releitura das ideias keynesianas pelos gestores públicos.

Filho de uma família de classe média alta, foi estudante e mais tarde professor de Cambridge. Sua reação ao não passar em um exame público foi apenas disser que os examinadores sabiam menos que ele. Mais tarde na vida recebeu o título de Barão de Tilton, ganho por seu valor e não por herança.

Na época de Keynes, o debate era entre liberalismo e comunismo. Talvez pelas ideias keynesianas ficarem no meio do espectro de ideias, Keynes era considerado pela esquerda como um representante do capitalismo e pela esquerda como um comunista perigoso. Nada mais perigoso que advogar ideias que são novidade...

Ao fim da Primeira Guerra, sendo convidado a participar da Conferência de Versalhes, sua posição foi de rejeição às indenizações que foram impostas à Alemanha. “Paz Cartaginesa” foi como ele descreveu o acordo afirmando que ao pedirem uma indenização vultuosa, França e Inglaterra estariam apenas punindo toda Europa, incluindo eles mesmos. Os acontecimentos que se seguiram nos próximos 15 anos, principalmente a ascensão de Hitler mostrou o quanto ele estava certo. Nos seus escritos ele inicialmente descreve Lloyd George, chefe da delegação inglesa, como aquele “menestrel pé de bode”. Mas ninguém é perfeito, mais tarde Keynes tirou a expressão do texto.

Criticou com firmeza a atitude de Churchil de voltar ao padrão ouro que causou, com os desequilíbrios cambiais resultantes, desemprego na Inglaterra e finalmente foi um dos grandes fatores da quebra da bolsa em Nova York, que colocaram o mundo todo na Grande Depressão.

Com o desemprego batendo em quase 50 % nos Estados Unidos, finalmente as ideias keneysianas foram postas em prática pelo Presidente Roosevelt, inicialmente de forma tímida, e mais tarde com a Segunda Guerra, de forma intensa. A proposta era simples: aumentar o nível de emprego pelo aumento dos gastos do governo em obras públicas e assim manter a atividade econômica funcionando. A represa Hoover nos Estados Unidos é uma das obras desta época. Com a guerra, o gasto estatal em defesa foi nas alturas e com ele toda a economia americana foi reativada.

Keynes, tendo vivenciado a Grande Depressão, tinha um grande sentimento de perda pessoal ao ver tanta gente desempregada e faminta nas ruas. Suas posições são mais do que um economista, a de um humanista preocupado com uma sociedade melhor.

Hoje nos defrontamos com um inicio de esfriamento econômico no pais. Temos milhões de coisas a serem feitas, temos mão de obra, temos a tecnologia, temos o dever moral de pedir uma melhoria na infraestrutura. Talvez apenas uma releitura de Keynes e uma lista de prioridades pudessem ajudar para serem dados inicio em obras estatais de vulto para que junto com uma melhoria da infraestrutura possamos manter um nível aceitável de funcionamento do mecanismo econômico e também evitarmos o que sempre foi o grande fantasma do Brasil moderno: o Desemprego.

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