Flexibilização e Mudança
Muito embora os constituintes de 1988
tivessem reconhecido isso, as barreiras para que o empreendedorismo desabroche
são enormes. Já citei anteriormente os problemas com impostos: a sociedade,
como um todo, paga mais de 33 % de tributos, uma das maiores taxas do mundo sem
que existam serviços públicos de qualidade em contrapartida. Em outras
palavras, cobramos impostos do nível da Suécia e temos contrapartida destes impostos
nos serviços públicos ao nível de Honduras. Anos atrás isto era descrito com
“belgíndia” (Bélgica + Índia).
A parte trabalhista é outro pesadelo. Um
empregado que teoricamente custa cerca de R$ 678 mensais (um salario mínimo),
sairá para o empregador, dependendo da atividade, por quase R$ 2.000, boa parte
disto pagos ao erário. Muito embora estejam embutidos neste valor assistência
médica e previdenciária, todos aqueles que podem pagam planos de saúde e de
aposentadoria privados. Quando se fala em “flexibilização” do mercado de
trabalho, o discurso oficial é quase sempre no sentido de se sacrificar o
trabalhador. Seria mais interessante e produtivo que o Estado, em todas as
esferas, federal, estadual e municipal, tentasse corrigir o problema na raiz,
que é exatamente a má gerência dos recursos governamentais. Felizmente, apesar
de todas as pressões para abafa-los, temos sindicatos, que são a resistência
natural aos excessos que o sistema faria se pudesse (e as vezes faz assim
mesmo). Excessos estes cuja conta é sempre paga, na maior parte pelos
trabalhadores e em parte pelas empresas, que obviamente repassam isto para o
consumidor.
Finalmente, temos a burocracia de
registro, mudança e término das empresas. Uma empresa industrial para ter
registro legal, necessita minimamente de CNPJ, inscrições estaduais e
municipal, licença dos bombeiros, IBAMA, licenças ambientais prévia, de
instalação e de operação, registro no órgão técnico competente (CREA, CRQ,
etc). Se eu tiver esquecido algo, peço ao leitor que me perdoe. A estrutura é
tão complexa que uma empresa, para poder estar completamente legalizada, pode
levar mais de seis meses no meandro desta selva burocrática. Alguma dúvida do
porque de muitos empreendedores, preferirem o anonimato e a ilegalidade mesmo
com o risco de serem autuados e até presos. Muitos dos funcionários públicos se
empenham, eu diria até no máximo de suas capacidades, para diminuir esta
tramitação, mas ela continua a ser lenta, por conta de um sistema que
definitivamente não ajuda.
Mudanças se fazem necessárias! A situação
que se formou não é culpa de ninguém e sim da armadilha histórica em que nos metemos.
Mudanças para uma flexibilização e agilidade na área de negócios se fazem
urgentes para podermos liberar todo o potencial empreendedor do nosso povo. Com
mais geração de riqueza, com certeza mais empregos (de qualidade), mais
impostos e mais progresso virarão uma bola de neve para melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário