domingo, 14 de abril de 2013

A presença e a necessidade da Lei - Folha do Sul / 29.Out.2012

A presença e a necessidade da Lei

 A situação ocorreu esta semana. No caminho de Bagé para Candiota, eu e um amigo fomos parados por uma barreira conjunta da policia rodoviária e do exército. O oficial que nos abordou foi firme, mas educado ao solicitar os documentos. O detalhe importante é que este meu amigo é do Rio de Janeiro, diretor de uma importante empresa de investimentos, pessoa bastante viajada mundo afora e ele ficou bastante impressionado com o episódio, tecendo elogios, se sentindo seguro por termos uma força de segurança daquele nível e disse que aquele exemplo deveria ser seguido Brasil afora onde nem sempre as coisas são assim. A sensação de segurança é enorme quando se sabe que o Estado, neste caso na forma de segurança e lei, é forte, atuante e age em favor dos cidadãos. A atuação do Estado dentro da Lei é mais do que nunca, um dos requisitos de Democracia e um Estado forte não quer dizer um estado autoritário se a Lei é seguida. Certamente maus elementos irão evitar fazer certas coisas se souberem que existirão consequências. Esta é a função, pelo menos teoricamente, das assim chamadas penas. São elas feitas e aplicadas, dentro das sociedades modernas, não para “punir”, mas para mostrar que existem consequências por atos delituosos. Quanto pior o ato, pior a pena. O poder coercitivo do Estado através do seu “edifício” jurídico e penal é fundamental para a manutenção do tecido social. Uma leitura interessante sobre o assunto é a obra “Leviatã” de Thomas Hobbes (1588-1679), onde este assunto foi posto na ordem do dia, exatamente numa época em que o absolutismo era o regime de quase toda a Europa. O outro lado da moeda, ou seja, uma atuação não tão firme do Estado tem ocorrido de forma cada vez mais constante na nossa cidade e os resultados mostram mais do que nunca a necessidade da presença do Estado como elemento conciliador entre os membros da comunidade a fim de se evitar a volta para um tempo em que cada um cuidava de si. Esta ausência do Estado, ou a sua (relativa) inoperância tem ocorrido aqui em Bagé, onde muitas vezes o cidadão se vê no direito de fazer o que lhe dá na telha ao dirigir um carro pelas ruas da cidade, sem quaisquer sentimentos de obrigação nem respeito com os demais. Alta velocidade, desrespeito com os pedestres, “pegas” (particularmente na Avenida Santa Tecla), etc., são situações comuns, tão comuns que já nos acostumamos com elas. Isto tem um contraste enorme, não com os Estados Unidos ou Europa, mas com outras cidades do Rio Grande do Sul, onde o comportamento dos motoristas é visivelmente diferente. Certamente uma presença maior da policia, uma repressão maior aos motoristas infratores e punições realmente proporcionais aos transgressores (independente de sua posição social) teriam um efeito benéfico ao coibir a prática de certas atitudes, melhorando os hábitos dos motoristas e iríamos com certeza dar um passo no sentido de termos uma cidade mais civilizada e mais humana. Aqueles que se sentirem prejudicados com o que escrevo por acharem que tem o “direito” de fazer o que bem entendem, eu lhes lembro de que eles também têm crianças e idosos na família (particularmente vulneráveis) e que este é um problema comum a todos. Deixo aqui minha solidariedade às vítimas e familiares dos inúmeros acidentes de transito, que em nosso país mata dezenas de milhares de pessoas todos os anos, além de outros tanto incapacitados por toda a vida. Meus cumprimentos a Policia Rodoviária e ao Exercito pelo exemplo que presenciei na estrada e minhas esperanças que este não seja um caso isolado, mas algo que se torne constante e um exemplo a ser seguido.

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