domingo, 14 de abril de 2013

A mulher, mercado de trabalho e a família - Folha do Sul / 22.Out.2012

A mulher, mercado de trabalho e a família

 Eleições em Bagé: entre os(as) vitoriosos(as) temos três mulheres! Todas reeleitas! Vamos parar para uma reflexão. Para alguém continuar em um cargo eletivo, mal ou bem deve ter competência suficiente, de trabalho, de carisma. E todas as três são conhecidas como combativas e atuantes. E tivemos uma candidata a prefeitura que se não ganhou, teve a preferência de mais de um terço dos eleitores, o que não é um número desprezível. As duas maiores universidades da cidade tem Reitoras. Temos uma mulher na presidência e várias ministras! Anos atrás uma situação desta seria impensável. Para aqueles que gostam de televisão e conseguem acompanhar, devido ao horário adiantado, a novela baseada na estória de Jorge Amado, as diferenças são minimamente gritantes da evolução social pela qual passamos e ainda estamos passando. As mulheres na estória são tratadas muitas vezes como objetos de decoração ou semi-escravas, seu destino na falta de um casamento, é muitas vezes um convento ou uma casa de prostituição, enfim, temos todos os ingredientes de uma estória que beira um filme de terror. Esta situação não é apenas uma peça de ficção. Mulheres tem sido maltratadas e abusadas desde há muito tempo. Esta situação, por incrível que pareça, só começa a mudar mais visivelmente, principalmente nos chamados países centrais, com a Primeira Guerra Mundial. Com a maioria dos homens indo para a frente de batalha, as linhas de produção começaram a usar mão de obra feminina, e com isto também começou a ocorrer uma melhoria no nível educacional desta mesma mão de obra. Os anos “alegres” da década de 1920 e 1930 provocaram uma certa estagnação no processo, que só iria se acelerar de novo com a Segunda Guerra Mundial, principalmente no Estados Unidos da América. As linhas de produção se viram tomadas de assalto, não por tropas inimigas, mas por trabalhadoras ansiosas em dar sua parte na defesa da pátria. Após a Guerra e com a luta pelos direitos civis na década de 60, toda uma modificação social ocorreu. Essa mudança acabou envolvendo uma boa parte do mundo e nisto se inclui o papel que um novo tipo de mulher, na minha opinião muito especial, passou a ter. Aqui no Brasil, estas mudanças chegaram, as vezes um pouco atrasadas, as vezes sendo vanguarda. As mulheres ganharam direito de voto no Brasil antes das francesas! Hoje a área de engenharia, tradicionalmente masculina, também foi tomada por elas. Mesmo as forças armadas não são mais um nicho exclusivamente masculino, pelo contrario. Certamente nossos avós iriam se surpreender com isso. A estrutura familiar tradicional, com isso tudo, se desfaz e está surgindo uma nova família, não mais com o “cabeça” homem e a mulher, cordata e obediente, mas uma família em que os dois são companheiros e parceiros, onde o dialogo é fundamental e as decisões tem que ter uma boa dose de consenso. Ainda estamos aprendendo a lidar com isto. A alta taxa de divórcios é um termômetro de que ainda temos um longo caminho pela frente. O paralelismo entre divórcio e independência feminina não é uma mera coincidência e tem se repetido em todo o mundo. Mas da mesma forma que ao abrir uma caixa de Pandora, junto com os males temos a Esperança. Hoje existe muito mais felicidade em um casal médio do que haveria antes. A mulher é um ator ativo e não mais mera ouvinte das decisões do “cabeça” da casa. Com todo um papel modificado na sociedade e na família, as mulheres são mais do que nunca, parte da nossa história e podemos ter certeza que seu papel irá aumentar cada vez mais.

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