A mulher, mercado de trabalho e a família
Eleições
em Bagé: entre os(as) vitoriosos(as) temos três mulheres! Todas reeleitas!
Vamos parar para uma reflexão. Para alguém continuar em um cargo eletivo, mal
ou bem deve ter competência suficiente, de trabalho, de carisma. E todas as
três são conhecidas como combativas e atuantes. E tivemos uma candidata a
prefeitura que se não ganhou, teve a preferência de mais de um terço dos
eleitores, o que não é um número desprezível. As duas maiores universidades da
cidade tem Reitoras. Temos uma mulher na presidência e várias ministras! Anos
atrás uma situação desta seria impensável. Para aqueles que gostam de televisão
e conseguem acompanhar, devido ao horário adiantado, a novela baseada na
estória de Jorge Amado, as diferenças são minimamente gritantes da evolução
social pela qual passamos e ainda estamos passando. As mulheres na estória são
tratadas muitas vezes como objetos de decoração ou semi-escravas, seu destino
na falta de um casamento, é muitas vezes um convento ou uma casa de
prostituição, enfim, temos todos os ingredientes de uma estória que beira um
filme de terror. Esta situação não é apenas uma peça de ficção. Mulheres tem
sido maltratadas e abusadas desde há muito tempo. Esta situação, por incrível
que pareça, só começa a mudar mais visivelmente, principalmente nos chamados
países centrais, com a Primeira Guerra Mundial. Com a maioria dos homens indo
para a frente de batalha, as linhas de produção começaram a usar mão de obra
feminina, e com isto também começou a ocorrer uma melhoria no nível educacional
desta mesma mão de obra. Os anos “alegres” da década de 1920 e 1930 provocaram
uma certa estagnação no processo, que só iria se acelerar de novo com a Segunda
Guerra Mundial, principalmente no Estados Unidos da América. As linhas de
produção se viram tomadas de assalto, não por tropas inimigas, mas por trabalhadoras
ansiosas em dar sua parte na defesa da pátria. Após a Guerra e com a luta pelos
direitos civis na década de 60, toda uma modificação social ocorreu. Essa
mudança acabou envolvendo uma boa parte do mundo e nisto se inclui o papel que
um novo tipo de mulher, na minha opinião muito especial, passou a ter. Aqui no
Brasil, estas mudanças chegaram, as vezes um pouco atrasadas, as vezes sendo
vanguarda. As mulheres ganharam direito de voto no Brasil antes das francesas!
Hoje a área de engenharia, tradicionalmente masculina, também foi tomada por
elas. Mesmo as forças armadas não são mais um nicho exclusivamente masculino,
pelo contrario. Certamente nossos avós iriam se surpreender com isso. A
estrutura familiar tradicional, com isso tudo, se desfaz e está surgindo uma
nova família, não mais com o “cabeça” homem e a mulher, cordata e obediente,
mas uma família em que os dois são companheiros e parceiros, onde o dialogo é
fundamental e as decisões tem que ter uma boa dose de consenso. Ainda estamos
aprendendo a lidar com isto. A alta taxa de divórcios é um termômetro de que
ainda temos um longo caminho pela frente. O paralelismo entre divórcio e
independência feminina não é uma mera coincidência e tem se repetido em todo o
mundo. Mas da mesma forma que ao abrir uma caixa de Pandora, junto com os males
temos a Esperança. Hoje existe muito mais felicidade em um casal médio do que
haveria antes. A mulher é um ator ativo e não mais mera ouvinte das decisões do
“cabeça” da casa. Com todo um papel modificado na sociedade e na família, as
mulheres são mais do que nunca, parte da nossa história e podemos ter certeza
que seu papel irá aumentar cada vez mais.
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