Inflação e Impostos
O problema é que isto (estagflação)
acaba se tornando uma armadilha para a sociedade. O governo, com a queda da
atividade econômica, acaba recebendo menos impostos. Como o governo tem
compromissos de toda ordem, tem-se aparentemente três recursos: ou aumentar os
impostos, ou emitir moeda, ou reduzir os gastos governamentais. Todas as três
soluções apresentam problemas ligados a empecilhos econômicos ou políticos.
Como nenhum governo quer assumir a sua
parcela de responsabilidade nesta estória, muitas vezes tentasse culpar os
comerciantes ou os industriais. “Acordos”, “congelamento de preços”, “choques
econômicos heterodoxos”, “choques econômicos clássicos”, etc, todo tipo de
receita foi aplicado na sociedade brasileira na década de 1980 e 1990. O plano
“Cruzado” (Governo Sarney) foi uma destas estórias. A tomada da poupança
(Governo Collor) foi outra. Apenas conseguiu-se controlar a inflação com a
implementação da lei de responsabilidade fiscal, para com isso evitar abusos
pelo poder executivo, em qualquer das três esferas (federal, estadual e
municipal). Os resultados ao longo de uma década são notáveis. Temos toda uma
geração de brasileiros para os quais “hiperinflação” parece coisa de 1900 e
antigamente. Simplesmente não passaram por esta experiência!
Lamentavelmente estamos tendo dois
fenômenos que, para os mais velhos, trazem lembranças amargas: um pico de
inflação no inicio do ano (que felizmente não é de 100% ao mês como nos anos
1990) e um arrefecimento da atividade econômica. Ambos os efeitos não são
grandes ainda, tanto que aumento no nível de desemprego e diminuição na renda
das famílias aparentemente não se fez sentir. Isso pode ser medido pela
atividade sindical (protestos, greves, etc) que permanece relativamente calma.
Mas certamente este panorama irá se deteriorar caso nada seja feito.
Até aqui o Brasil foi um porto seguro no
meio de uma tempestade econômica internacional. Tivemos inclusive o retorno de
muitos brasileiros (incluindo eu mesmo), que já moravam fora há muitos anos.
Este retorno da “diáspora tupiniquim” é mais uma prova de que havendo condições
e oferta de trabalho, o brasileiro prefere morar no seu país!! Nada contra
outros países, mas é aqui ainda é um dos melhores lugares do mundo, de um povo
de índole fantástica.
Para exatamente reverter a inflação e o
esfriamento econômico, foi lançado pelo governo federal um pacote de diminuição
dos impostos de produtos básicos. Talvez finalmente estejamos evitando caminhos
fáceis e tomando as decisões certas! Fica a esperança de que se isso der certo,
que os governos (em todas as esferas) repitam a mesma receita para outros
produtos e serviços. Desonerar a população dos impostos atuais (uma das maiores
taxas do mundo) certamente irá trazer benefícios para todos, incluindo-se ai o
sistema governamental.
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