segunda-feira, 15 de abril de 2013

Inflação e Impostos - Folha do Sul / 11.Mar.2013

Inflação e Impostos

          Os economistas identificam dois tipos de inflação. O primeiro é aquele em que por haver dinheiro demais em circulação, os preços sobem por excesso de demanda para uma mesma oferta de bens e produtos. O segundo caso é quando temos queda generalizada na produção, causando uma deseconomia de escala e forçando uma alta de preços para compensar o aumento do custo fixo unitário (custos fixos são aqueles em que as empresas tem que gastar, com ou sem produção, por exemplo, aluguel de um prédio, e “unitário” é o valor por unidade de produto vendido). O segundo tipo de inflação está ligado ao fenômeno conhecido como estagflação, ou seja, união de estagnação econômica com inflação.

O problema é que isto (estagflação) acaba se tornando uma armadilha para a sociedade. O governo, com a queda da atividade econômica, acaba recebendo menos impostos. Como o governo tem compromissos de toda ordem, tem-se aparentemente três recursos: ou aumentar os impostos, ou emitir moeda, ou reduzir os gastos governamentais. Todas as três soluções apresentam problemas ligados a empecilhos econômicos ou políticos.

Como nenhum governo quer assumir a sua parcela de responsabilidade nesta estória, muitas vezes tentasse culpar os comerciantes ou os industriais. “Acordos”, “congelamento de preços”, “choques econômicos heterodoxos”, “choques econômicos clássicos”, etc, todo tipo de receita foi aplicado na sociedade brasileira na década de 1980 e 1990. O plano “Cruzado” (Governo Sarney) foi uma destas estórias. A tomada da poupança (Governo Collor) foi outra. Apenas conseguiu-se controlar a inflação com a implementação da lei de responsabilidade fiscal, para com isso evitar abusos pelo poder executivo, em qualquer das três esferas (federal, estadual e municipal). Os resultados ao longo de uma década são notáveis. Temos toda uma geração de brasileiros para os quais “hiperinflação” parece coisa de 1900 e antigamente. Simplesmente não passaram por esta experiência!

Lamentavelmente estamos tendo dois fenômenos que, para os mais velhos, trazem lembranças amargas: um pico de inflação no inicio do ano (que felizmente não é de 100% ao mês como nos anos 1990) e um arrefecimento da atividade econômica. Ambos os efeitos não são grandes ainda, tanto que aumento no nível de desemprego e diminuição na renda das famílias aparentemente não se fez sentir. Isso pode ser medido pela atividade sindical (protestos, greves, etc) que permanece relativamente calma. Mas certamente este panorama irá se deteriorar caso nada seja feito.

Até aqui o Brasil foi um porto seguro no meio de uma tempestade econômica internacional. Tivemos inclusive o retorno de muitos brasileiros (incluindo eu mesmo), que já moravam fora há muitos anos. Este retorno da “diáspora tupiniquim” é mais uma prova de que havendo condições e oferta de trabalho, o brasileiro prefere morar no seu país!! Nada contra outros países, mas é aqui ainda é um dos melhores lugares do mundo, de um povo de índole fantástica.

Para exatamente reverter a inflação e o esfriamento econômico, foi lançado pelo governo federal um pacote de diminuição dos impostos de produtos básicos. Talvez finalmente estejamos evitando caminhos fáceis e tomando as decisões certas! Fica a esperança de que se isso der certo, que os governos (em todas as esferas) repitam a mesma receita para outros produtos e serviços. Desonerar a população dos impostos atuais (uma das maiores taxas do mundo) certamente irá trazer benefícios para todos, incluindo-se ai o sistema governamental.

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