O Poder da Terra
Algumas mudanças já são bem claras,
principalmente nos países desenvolvidos. A agropecuária deixou de ser
extensiva e ineficiente e passou a ser uma atividade altamente capitalista,
onde cada centímetro de terreno tem que ser explorado para gerar lucro e
justificar o investimento. A modernização das técnicas é outro sintoma claramente
sentido. Algo que pareceria estranho aos nossos ancestrais é o fim do
“campesinato tradicional”. A população que vive diretamente da terra é cada vez
menor!! Números como 3% são comuns. E o mais impressionante é que com uma
parcela ínfima do numero de trabalhadores que labutavam anteriormente, muito
mais alimento é gerado por hectare. Devido a estrutura altamente competitiva do
mercado, a modernização das propriedades e a mudança das relações sociais se
tornam uma necessidade real.
Sempre existirão os saudosistas que
querem manter um mundo que já não existe mais ou que rapidamente se desintegra
em contato com a modernidade. Mas as forças históricas são poderosas e
impiedosas.
Na nossa região, a criação de gado
extensiva é uma tradição desde os tempos do Brasil colônia. Houve uma época em
que o gado solto se multiplicou sózinho e na ausência de predadores maiores, se
tornou uma das maiores forças econômicas da época. Esta natureza favorável aos
bovinos foi a força motriz que gerou toda uma cultura. Dai para as charqueadas
foi um passo. Interessante relembrar que o grande motivo que detonou a
Revolução Farroupilha foi a negativa do Governo Imperial de não taxar a carne
importada da Argentina.
A criação extensiva de gado se tornou
assim a mola mestra da economia local. Isto só começa a mudar com as culturas
de arroz, que chega trazendo novas técnicas e modos de produção. Hoje a grande
mudança está com a soja. Basta viajar um pouco na região para vermos a
diferença nos campos. Mesmo assim a soja não tirou área do arroz nem diminui o
tamanho dos rebanhos. Mas certamente o produtor rural se vê forçado, até para
manter a rentabilidade mínima exigida pelo seu negócio, a modernizar cada vez
mais as áreas tradicionais.
Ainda não sentimos a força desta mudança
na economia local. Mas certamente em 3 anos ou um pouco mais, poderemos
perceber que a pujança do nosso rincão, que sempre foi marcada pela Terra,
estará mais do que nunca presente. As oportunidades para empreendedores
ousados, que montarem indústrias baseadas em produtos de origem agropecuária
serão enormes.
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