Sindicatos - Folha do Sul / 13Ago2012

Afinal de contas para que serve um sindicato??

 Nos últimos meses as ruas de Bagé tem sido alvo de passeatas de sindicatos de professores e outras categorias protestando e reinvindicando. Mas qual a origem disto e por que afinal de contas o movimento sindical é tão necessário? Para responder a isto temos que voltar mais de dois séculos atrás no início da revolução industrial na Inglaterra. Um autor ótimo para se ler a respeito é Hobsbawn (“A Era das Revoluções”). A introdução da máquina trouxe uma geração de riqueza sem precedentes em toda a história da humanidade, um progresso sem igual! A máquina a vapor e tecnologias associadas trouxeram pela primeira vez a possibilidade de se acabar com a miséria que tinha sempre assolado a humanidade desde tempos distantes. Na Inglaterra do século 18, as novas tecnologias tiveram um casamento perfeito com os chamados “cercamentos”, nos quais a chamada agricultura comunitária foi sendo substituida pouco a pouco pela criação de ovelhas de lã em campos fechados. A lã servia como matéria prima para a nascente indústria de confecção. Como a criação de ovinos demanda muito menos mão de obra, a população que antes vivia no campo foi sendo pouco a pouco expulsa para os grandes centros como Londres e Manchester. Esta população migrante terminava sendo usada como mão de obra super barata pela indústria (trabalho infantil, 18 ou mais horas de trabalho por dia, etc). Nada disto tinha ocorrido antes no período histórico. A miséria que este mecanismo sócio-econômico gerou também não tinha paralelo. A população atingida começou a se perguntar o por que disto. As primeiras reações foram no sentido de destruição do “inimigo”, ou seja, as máquinas. Esta é a origem do movimento ludista! Máquinas foram depredadas sem no entanto mudar a realidade. Tentou-se então mudar o panorama político com a exigência de “eleições livres” e periódicas no assim chamado movimento cartista. Particularmente o movimento cartista conseguiu praticamente todas as suas demandas sem que no entanto ocorresse mudança nas condições de trabalho. Os trabalhadores se viram então na necessidade de se organizar para pressionar por melhores condições de trabalho e salários mais dignos. A principal arma foi como ainda é a greve. A reação das autoridades foi também muitas vezes com mão de ferro. Não só repressão como até mesmo execuções ocorreram sobre lideranças sindicais. Mas nada disso adiantou, os sindicatos vieram para ficar e ao longo destes dois séculos, mais do que nunca eles foram e continuam a ser a melhor arma estratégica para que os trabalhadores possam ter um padrão de vida melhor nas chamadas relações de trabalho (ou trabalho-capital). Isto inclui também o Brasil desde o inicio da industrialização ainda nos primórdios do século 20. Grande parte das conquistas do povo brasileiro em geral e do trabalhador em particular foram conseguidas através da luta sindical!! Mas se melhores salários foram conseguidos, isso também significa que mais mercado se abriu para o comércio e a indústria. Sindicatos fortes indiretamente contribuem para o fortalecimento do mercado interno. Por isso: Viva o sindicato e as forças sociais progressistas que ele representa.