Francisco
Tudo isto acabou tendo um efeito
bumerangue. O cidadão hoje se tornou arrogante. Vivemos como se pudéssemos
fazer tudo. Em outras palavras, ficamos mais materialistas. Numa sociedade como
a medieval, 1000 anos atrás, haveria mais preocupação com o espírito! Os
recursos eram imensamente menores e as pessoas viviam muito menos. Um escritor
bom sobre o assunto é Maurice Druon, cuja serie “Os Reis Malditos” mostra muito
bem como era a vida na França antes da Guerra dos Cem Anos e o contraste com os
dias de hoje é imenso se não cruel.
Atualmente aprendemos que podemos viver
mais do que antes, tanto qualitativamente como quantitativamente.
Lamentavelmente tendemos a perder valores importantes, de cunho moral e social.
Nossa sociedade atribui valores monetários aos seus membros, seja em
estatísticas, como em seguros, em qualquer atividade ou investimento de cunho
social, etc. Isto acontece devido ao caráter racional e lógico que acabou
permeando todo o subconsciente coletivo. Um exemplo chocante disto foi a
decisão por Truman de jogar as bombas atômicas no Japão ao fim da Segunda
Guerra. Ele pesou todas as possibilidades e tomou esta decisão pois a
considerou a menos dolorosa e melhor politicamente. Centenas de milhares de
pessoas morreram em consequência disto. Muitos outros exemplos, não tão
drásticos poderiam ser citados, inclusive no nosso país.
E é neste ponto que entram as religiões
no cunho moderno que elas tomaram. Digo isso independente de qualquer uma. O
valor do ser humano não pode ser quantificado, não podemos virar números de uma
companhia de seguros ou de uma repartição governamental. É necessário que
sejamos lembrados que mesmo na nossa arrogância moderna, ainda somos seres
humanos. O respeito, amor e consideração pelo próximo é de importância
fundamental se queremos construir uma sociedade melhor.
A Igreja Católica, depois do Concilio
Vaticano II, tomou rumos importantes em uma serie de questões. Questões estas
fundamentais nos caminhos em que hoje estamos. O dialogo com as outras
vertentes religiosas, a tolerância e a lucidez se tornaram grandes instrumentos
para uma Igreja renovada. Com o dialogo veio também a possibilidade de se
assumir a liderança a nivel espiritual. Não uma liderança baseada na força ou
na intimidação, mas aquela baseada na compreensão mútua e no desejo de paz, que
é o intuito de qualquer uma das crenças modernas.
João Paulo II foi a encarnação viva
deste espírito. Em qualquer parte do mundo, as pessoas ficavam extasiadas com
ele, independente de serem católicas ou não. Lamentavelmente seu sucessor
sucumbiu aos problemas conjuntos da idade e internos da própria Igreja. A
eleição do Papa Francisco nos traz (com toda a carga de um passado dedicado ao
próximo) algo muito importante: Esperança! Esperança de que Tolerância e Paz
serão cada vez maiores neste mundo tão sofrido. “Habemus Papam” e que com ele
venha junto toda esta atmosfera necessária para que possamos construir um mundo cada vez melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário