segunda-feira, 15 de abril de 2013

A Encruzilhada - Folha do Sul / 12.Fev.2013

A Encruzilhada

 Vivemos uma era de modernismos! Tendemos a ver a realidade de 20, 30 anos atrás como algo do tempo das cavernas. Mesmo dez anos são uma diferença enorme. Pergunte ao jovem de hoje o que seria a vida sem celular ou internet. Este é o ambiente “tecnológico”. Mas quando olhamos para o ambiente econômico, os problemas se parecem sempre os mesmos, e as contradições também. É claro que o governo federal sempre mostrou que estivemos nos últimos dez anos em franco crescimento, pleno emprego, etc. Mas esta talvez seja uma visão um pouco deturpada da verdadeira realidade. Se computarmos o crescimento mundial sem nem mesmo considerar unicamente o chinês, poderemos ver que nos últimos dez anos estivemos na verdade numa espécie de “recessão técnica”. Obviamente os técnicos no Banco Central irão desmentir, dizer que falta trabalhador, etc. Mas a pergunta que fica é: que tipo de trabalhador está faltando? As cidades brasileiras, malgrado o progresso dos últimos anos, continuam com sérios problemas sociais. Muita gente saiu da miséria, é verdade, mas poderíamos estar melhor. Precisamos de cabeça fria, tentar entender o problema, distinguir sintomas de causas e propor soluções para os gestores públicos. Obviamente estas soluções devem vir acompanhadas de pressões políticas da sociedade civil organizada para que as coisas aconteçam. A pobreza é um sintoma, a causa é a baixa qualificação dos trabalhadores. Pergunte em qualquer esquina de Bagé sobre a dificuldade para se arrumar certos profissionais. Como eu já escrevi em um artigo anterior, o resultado é pressão sobre os salários (dos trabalhadores qualificados), para cima. Mas como pode-se ver também, isto não afeta tanto os trabalhadores de baixa qualificação, que continuam a ter o mesmo perfil de pagamento. A solução é muito simples: qualificar os trabalhadores, para ao mesmo tempo diminuir a pressão de aumento salarial, também gerar renda e salários. Esta renda e salario se perdem na medida que temos uma mão de obra não qualificada. O investimento em educação é prioritário para a sociedade brasileira. Não se trata de se fazer um manifesto político ou sindical, o investimento que é feito em educação retorna com bônus tanto para o governo como para a sociedade em geral e é portanto uma necessidade sócio-econômica, para ontem!!! Particularmente não me agrada ver outras pessoas passando por problemas sem ter a devida oportunidade para mudarem a sua situação. O direito a vida, a liberdade e a procura da felicidade é um brado de mais de 200 anos, e sem educação e qualificação profissional, como poderemos esperar que estes direitos sejam assegurados. Precisamos também lembrar que um pedreiro, um padeiro, um técnico, para não falar de outras profissões tais como médicos e advogados, significam, devido ao conteúdo econômico maior do seu trabalho, mais salários, e com isso mais impostos em cima de mais riqueza gerada. Um aspecto também esquecido, é que isso significa menos criminalidade, e menos criminalidade significa um preço menor para ter que manter toda uma estrutura de repressão ao crime. Importante lembrar aos senhores gestores da coisa pública que todos nós, inclusive eles mesmos, somos alvos potenciais de problemas deste tipo e que o melhor remédio continua sendo o mesmo: EDUCAÇÃO e QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL!

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