A Verdade! Que Verdade?
Um problema ligado a governos se
refere a como estes mesmos governos tecem pronunciamentos ou emitem
comunicados. Distorções e mesmo mentiras deslavadas são muitas vezes usadas
para confundir a opinião pública naquilo que a camada dirigente identifica como
de caráter crítico para o sistema. Muitas vezes a enrolação é tão grande que
mesmo elementos de alto escalão não sabem dizer o que está realmente
acontecendo. Conhecida é a estória da época da ditadura em que o general Médici
usava um radinho de pilha para ter informações confiáveis do que andava
acontecendo. Nem mesmo todo o serviço de informação do governo era capaz de
fornecer a situação concreta. Com tanta censura na época, o sistema
governamental tinha sintomas claros de esquizofrenia institucional.
Esquizofrenia é uma doença mental em que a pessoa tem delírios e imagina estar
vendo coisas. Assim as coisas podem parecer cor de rosa para os dirigentes que
nem sequer se dão ao trabalho de perguntar ou mesmo ver o que realmente anda
acontecendo.
Nossos delírios governamentais de
quarenta anos atrás nos levaram para uma crise de proporções gigantescas. Estes
delírios incluíram a Transamazônica, Ferrovia do Aço, Projeto Nuclear, etc,
etc. A situação de mega inflação foi uma das consequências. Com a deterioração
da situação econômica, pela primeira vez na história o Brasil deixou de ser um
pais de imigrantes e passamos a exportar mão de obra, muitas vezes a fina flor
da nossa juventude. Um fenômeno que passou a ser conhecido como a diáspora
brasileira surgiu em lugares como Nova Inglaterra e Flórida onde brasileiros
foram buscar a oportunidade que lhes era negada aqui. Mas saímos do “Brasil
grande” da ditadura e entramos nos planos malucos da era Sarney e Collor. O absurdo
chegou ao limite de após o congelamento do dinheiro no primeiro plano Collor,
nem mesmo pessoas com problemas de saúde tinham acesso ao seu próprio dinheiro
para tratamento médico urgente. Mas para aqueles que detém as rédeas da
situação, tudo está sempre na mais santa paz.
Com a lei de responsabilidade fiscal
finalmente alguns limites começaram a ser impostos ao executivo, em todas as
esferas. Não existe isto de se ter um limite infinito de recursos para tocar
projetos, muitos dos quais sem nenhuma exequibilidade. No final a conta será
paga pela nação, pelos contribuintes, ou na forma de impostos, ou na forma de
inflação, ou pela deterioração dos serviços públicos.
Preocupante é escutarmos na televisão
a versão de que a inflação está sob controle ou bem perto disto e que
contraditoriamente uma ida ao supermercado revela que nosso poder de compra se
deteriora a cada dia. No mesmo noticiário escutamos sobre estádios bilionários
e usinas nucleares mais bilionárias ainda. Mesmo nestes itens temos atraso,
ineficiência e estouro de orçamento. Enquanto isso continua a mesma lenga-lenga
de serviços estatais essenciais precisando de melhorias e excesso de impostos.
Mesmo os serviços privados que são concessões públicas necessitam de mudanças.
Transporte público e telefonia celular são exemplos concretos disto. Todos
sabem disto, incluindo os elementos na administração do executivo da nação.
Existem assim dois Brasis. Num deles
o povo acorda, trabalha, gera a riqueza da nação e vai dormir sabendo de como é
a sua dura realidade, no outro, temos uma camada dirigente do estado brasileiro
que se recusa a ver a situação e que prefere descreve-la de uma forma que todos
sabemos não ser verdade.