Um Ano Atípico
Fora os acontecimentos “normais” de
qualquer ano, tais como Carnaval e Fim de Ano, o presente ano de 2014 será
marcante para nós brasileiros por termos também uma Copa do Mundo sediada aqui
no meio do ano e eleições gerais na segunda metade do ano. Na verdade existe
toda uma “conspiração” de coincidências atuando. Um exemplo típico é que o
Carnaval irá ocorrer em Março, fazendo com que a “espera” da folia (entre o Ano
Novo e o Carnaval) seja maior.
O evento da Copa deverá moldar uma
serie de acontecimentos no meio do ano. No meio do caminho, é de se esperar a
divisão que ocorreu ano passado, com parte da população apoiando, parte sem
compromisso e uma parte protestando contra. Os acontecimentos recentes no
Maranhão, com lagosta na mesa da governadora Sarney e presídios caindo aos
pedaços são uma demonstração de como irá ser a visão que pelo menos parte da
população irá ter desta estória. O governo não tem convencido muito bem a
opinião pública de que irão ocorrer benefícios por conta da Copa e a oposição,
consciente de suas limitações, tem esperado para ver. A verdade é que a partir
de agora todos estarão pagando para ver as cartas. A troca de posição oficial
da FIFA, apoiando o governo brasileiro, talvez seja uma demonstração de que o
governo está dando garantias reais de que não permitirá perturbações no evento
esportivo. A verdade é que se a Copa ocorrer sem maiores incidentes, isto terá
sido por si só uma vitória do governo, mais ainda amplificada caso o time de
Neymar consiga ganhar mais uma taça para a CBF, fato não de pouco provável,
pois além de um bom time, estaremos jogando em casa, com toda a força da
torcida ajudando. Provavelmente este panorama irá não só anular o mal estar
causado pela condenação dos mensaleiros e pelo esfriamento da economia como
também deixar o governo numa posição relativamente confortável, pelo menos até
a eleição. A vitória no México em 1970 foi talvez o grande evento que conseguiu
“segurar” o governo militar por mais alguns anos. Obviamente que o atual
governo, eleito, não pode ser comparado com o governo da época, uma ditadura.
Mas sem sombra de dúvida, um paralelo histórico se faz presente.
Mas é necessário lembrar que o Brasil
de 2014 não é o de 1970. Exato terço de século nos separam, a população está
mais educada, todo um histórico de acontecimentos fez com que as instituições
ficassem mais fortes e que uma demanda por melhores serviços ocorresse. Querer
comparar de forma absoluta um ano e outro é como comparar tomate com cebola,
certamente uma salada será o resultado. O mais certo é que irão ocorrer
protestos, e mesmo que consigamos a Copa, passados alguns meses, o eleitorado
estará se questionando sobre o que realmente interessa, coisas tal como
educação, saúde, segurança, infraestrutura, desemprego, etc. Pior, após algum
tempo, e exatamente na época da eleição, se irá questionar todo o esforço feito
para o evento, com vitória ou não da seleção canarinho.
O calcanhar de Aquiles da oposição
ainda está na escolha de um nome que possa enfrentar o atual governo, vindo não
só com críticas, que serão naturais no processo de uma eleição deste tamanho e
importância, mas também com propostas viáveis. Diversas reformas são
demandadas, a melhoria da infraestrutura é crítica, etc. Talvez o próprio
governo tome a iniciativa e monte uma proposta se propondo a tal, fazendo um
papel de “situação oposicionista” caso a oposição continue sem tomar uma
posição mais concreta. Na falta de alternativa e embalada pela Copa (com ou sem
vitória), a população certamente votaria no governo.
O quadro que está assim montado é de
grande incerteza política, mas também de um debate certamente enorme, caso os
atores, ou seja a população, se proponha a tal. Mais do que nunca os rumos do
Brasil estarão na decisão do fim do ano (eleição) que será moldada pelos
acontecimentos ao longo do ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário