História, Turismo e Negócios
Uma coisa que impressiona ao viajar pelos
Estados Unidos e Europa, é a maneira como se tenta preservar o assim chamado
patrimônio cultural. A constatação de como a memória é preservada, não apenas
com o “tombamento” de estruturas tais como casas ou monumentos mas também com a
colocação de placas ou quaisquer outras formas de explicar a história daquele
determinado local ou estrutura. A memória “virtual” coletiva é tão importante
quanto a real representada pelas estruturas físicas. Mesmo ao cidadão de uma localidade,
certamente não basta apenas saber que naquela casa viveu um cidadão importante
mas também em que período ele ali viveu e algo sobre sua trajetória. Em Los
Angeles este tipo de informação é feita através de placas “enroladas” e
afixadas em postes (como se estivessem “abraçando” o poste), mas mesmo simples
placas afixadas em muros já seriam de grande valor. É impressionante como desta
forma aliada a preservação se consegue a transformação de um lugar muitas vezes
esquecido num ponto turístico de sucesso. O centro histórico (Old Town) em San
Diego, na Califórnia foi reformado com tal criatividade que a visita ali é como
voltar 200 anos. Pode-se caminhar por uma paisagem típica do velho oeste e a
cada passo, a cada casa, temos explicações históricas daquele lugar. O Pampa
gaúcho em geral e Bagé em particular são lugares marcados por uma história
vibrante e cheia de emoção. Tivemos aqui pessoas que não só contribuíram para a
história local como para a do Brasil. A cidade de Bagé em especial tem toda uma
arquitetura clássica principalmente nas casas, muitas delas com mais de cem
anos. Os acontecimentos também são marcantes na história brasileira e gaúcha
pois foi aqui que as fronteiras tomaram a sua forma atual. É verdade que em
alguns pontos da cidade existe este trabalho educativo. A Igreja Matriz tem
explicações da memória e do porque dela e da cidade estarem onde estão. Para
mim foi muito importante quando recém chegado na cidade que escolhi para viver,
num domingo ensolarado, fui ler as informações sobre a história do lugar na
praça em frente a Igreja. Isso traz todo um sentimento de integração e orgulho.
Qual seria então o impacto se tivéssemos isto cidade afora, principalmente
neste nosso vibrante centro, onde História e Comércio se encontram? Os visitantes
certamente teriam uma visão mais positiva ainda da cidade e do povo. Isto
também traria mais visitantes e teria um efeito positivo na indústria
hoteleira. Uma alavancagem do turismo histórico na nossa Rainha da Fronteira
seria mais do que bem vindo. Não apenas a indústria turística mas também o povo
iria lucrar com isso. Nem todo mundo, na verdade a imensa maioria, não vai
ficar pesquisando em livros para saber quem foi este personagem, qual o papel
daquela casa ou qual o acontecimento importante que ocorreu naquele determinado
local, por isso a necessidade de informações disponíveis no próprio local, ditas
de maneira simples e compreensível, ao alcance de todos. Deixo aqui a esperança
de que as autoridades responsáveis por esta área possam fazer cada vez melhor
seu papel de manter e recuperar nosso patrimônio histórico e nos dar
informações sobre ele.
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