Inovação
Por incrível que pareça a primeira
máquina a vapor foi inventada não na primeira revolução industrial 250 anos
atrás, mas em Alexandria, Egito, mais de dois mil anos antes (cerca de 300
a.C.). A pergunta que fica é qual a razão para que o invento não se disseminou?
A tal máquina foi concebida por um intelectual de origem grega chamado Herão.
Diz a lenda que Herão mostrou o tal invento a seus amigos que ficaram pasmos
com algo que usava lenha, água e calor para conseguir movimento. Convém lembrar
que quase tudo no mundo antigo era conseguido por força humana ou animal. No
máximo se usava vento na navegação. Mas exatamente ai residia o problema: numa
sociedade baseada em escravidão, qualquer novidade dessas que diminuísse o
valor do trabalho forçado iria também diminuir o valor do “investimento” ou
seja dos escravos. Na tal reunião todos gostaram da tal máquina, na verdade uma
pequena caldeira provida de turbinas muito simples, com exceção de um dos
participantes. Este começou a fazer um discurso para mostrar a total
inutilidade daquilo. O mundo teria que esperar quase dois mil anos para estar
preparado para este tipo de novidade.
Já no final da Idade Média, inicio da
revolução comercial, nas cidades do norte da Itália, são adotadas leis para
proteger as invenções e inventores, na verdade um primeiro sistema embrionário
de proteção a patentes. Muitas vezes isto era tratado como segredo de estado
devido as repercussões comerciais. Alguém que roubasse um segredo e fugisse
para fora da cidade, seria “convidado” a voltar e se retratar, caso isso não
ocorresse, medidas secretas seriam tomadas para matar o ladrão onde quer que
ele estivesse.
Ao chegarmos no século 19, com a
revolução industrial iniciada na Inglaterra e pouco a pouco se expandindo pelo
mundo, são decretadas leis e o estado passa a garantir uma reserva de mercado
por um tempo determinado para aqueles que se dispusessem a abrir o segredo do
seu invento. O sistema legal passa a ser agora, ao invés de algum “serviço
secreto”, o protetor daqueles que se dispusessem a mudar através de
melhoramentos a tecnologia. O sistema acaba avançando e protegendo também o
nome de empresas no que conhecemos como marcas. Definitivamente o mundo tinha
evoluído bastante desde a época de Herão.
O Brasil foi um dos primeiros países a
adotar o sistema ainda no século 19. Na verdade um dos primeiros signatários do
acordo de Paris para que o sistema de patentes pudesse ser aplicado
internacionalmente. Existe um departamento do governo federal que cuida desta
área, Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. Marcas e patentes
devem ser depositadas nesta instituição para terem validade legal, incluindo ai
programas de computador e modelos de utilidade. Na internet www.inpi.gov.br. Uma leitura
através do site é tremendamente instrutiva e muitas ideias deixaram seus donos
ricos por terem eles simplesmente depositado as mesmas no INPI.
A mola mestra do capitalismo moderno é
exatamente a inovação. Novas e mais eficientes tecnologias deslocando as
antigas e obsoletas. Muitas empresas surgiram de ideias que, devidamente
protegidas pela lei, puderam fazer as transformações que em duzentos anos
mudaram a face do mundo. Empresas como Gillete, Microsoft, DuPont, etc, são exemplos
deste modelo. Não é por acaso que grandes empresas destinam verbas enormes para
pesquisa. Nestas empresas já se encontra bem absorvido o modelo de inovação
para aumento dos ganhos das mesmas. Muitos dos produtos que nos cercam são
fruto deste esforço. As empresas mais lucrativas hoje (e nem sempre grande
empresas) são exatamente aquelas que sabem que o investimento feito em pesquisa
será certamente bem recompensado. Mas também é certo que cabe ao sistema legal
o papel de impedir que o esforço e trabalho de uma determinada empresa ou
pessoa sejam simplesmente surrupiados por pessoas inescrupulosas.
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