domingo, 22 de junho de 2014

Inovação / Folha do Sul - 22.Abril.2014



Inovação

Por incrível que pareça a primeira máquina a vapor foi inventada não na primeira revolução industrial 250 anos atrás, mas em Alexandria, Egito, mais de dois mil anos antes (cerca de 300 a.C.). A pergunta que fica é qual a razão para que o invento não se disseminou? A tal máquina foi concebida por um intelectual de origem grega chamado Herão. Diz a lenda que Herão mostrou o tal invento a seus amigos que ficaram pasmos com algo que usava lenha, água e calor para conseguir movimento. Convém lembrar que quase tudo no mundo antigo era conseguido por força humana ou animal. No máximo se usava vento na navegação. Mas exatamente ai residia o problema: numa sociedade baseada em escravidão, qualquer novidade dessas que diminuísse o valor do trabalho forçado iria também diminuir o valor do “investimento” ou seja dos escravos. Na tal reunião todos gostaram da tal máquina, na verdade uma pequena caldeira provida de turbinas muito simples, com exceção de um dos participantes. Este começou a fazer um discurso para mostrar a total inutilidade daquilo. O mundo teria que esperar quase dois mil anos para estar preparado para este tipo de novidade.
Já no final da Idade Média, inicio da revolução comercial, nas cidades do norte da Itália, são adotadas leis para proteger as invenções e inventores, na verdade um primeiro sistema embrionário de proteção a patentes. Muitas vezes isto era tratado como segredo de estado devido as repercussões comerciais. Alguém que roubasse um segredo e fugisse para fora da cidade, seria “convidado” a voltar e se retratar, caso isso não ocorresse, medidas secretas seriam tomadas para matar o ladrão onde quer que ele estivesse.
Ao chegarmos no século 19, com a revolução industrial iniciada na Inglaterra e pouco a pouco se expandindo pelo mundo, são decretadas leis e o estado passa a garantir uma reserva de mercado por um tempo determinado para aqueles que se dispusessem a abrir o segredo do seu invento. O sistema legal passa a ser agora, ao invés de algum “serviço secreto”, o protetor daqueles que se dispusessem a mudar através de melhoramentos a tecnologia. O sistema acaba avançando e protegendo também o nome de empresas no que conhecemos como marcas. Definitivamente o mundo tinha evoluído bastante desde a época de Herão.
O Brasil foi um dos primeiros países a adotar o sistema ainda no século 19. Na verdade um dos primeiros signatários do acordo de Paris para que o sistema de patentes pudesse ser aplicado internacionalmente. Existe um departamento do governo federal que cuida desta área, Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. Marcas e patentes devem ser depositadas nesta instituição para terem validade legal, incluindo ai programas de computador e modelos de utilidade. Na internet www.inpi.gov.br. Uma leitura através do site é tremendamente instrutiva e muitas ideias deixaram seus donos ricos por terem eles simplesmente depositado as mesmas no INPI.
A mola mestra do capitalismo moderno é exatamente a inovação. Novas e mais eficientes tecnologias deslocando as antigas e obsoletas. Muitas empresas surgiram de ideias que, devidamente protegidas pela lei, puderam fazer as transformações que em duzentos anos mudaram a face do mundo. Empresas como Gillete, Microsoft, DuPont, etc, são exemplos deste modelo. Não é por acaso que grandes empresas destinam verbas enormes para pesquisa. Nestas empresas já se encontra bem absorvido o modelo de inovação para aumento dos ganhos das mesmas. Muitos dos produtos que nos cercam são fruto deste esforço. As empresas mais lucrativas hoje (e nem sempre grande empresas) são exatamente aquelas que sabem que o investimento feito em pesquisa será certamente bem recompensado. Mas também é certo que cabe ao sistema legal o papel de impedir que o esforço e trabalho de uma determinada empresa ou pessoa sejam simplesmente surrupiados por pessoas inescrupulosas.

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