Dialogo, Conciliação e Liderança
Aconteceu esta semana. Uma manhã como qualquer
outra em Candiota. Na entrada da prefeitura municipal encontrei o
vice-prefeito, Senhor Paulo Brum, acertando papéis sobre algum projeto de
educação do município. Após me cumprimentar, o Senhor Brum me pediu um instante
para terminar o que estava fazendo. Eu precisava conversar sobre projetos de
desenvolvimento de aproveitamento de resíduos do carvão mineral. Após conversar
com ele, esperei mais um pouco para falar também com o prefeito, Senhor Luis
Carlos Folador. Como tem sido de praxe em todos os municípios da região, fui
tratado com toda a cortesia e atenção, me sentindo em casa e o assunto tratado
pode ser abordado em toda a sua extensão.
Mas algumas coisas chamam a atenção. O Senhor Brum
é do PSDB e o Senhor Folador é do PT, partidos conhecidos pela ferrenha disputa
política entre si de mais de duas décadas. O embate entre estes dois partidos é
muito mais que um embate da política tradicional brasileira, onde cargos e
benesses são disputados em cada eleição, mas principalmente ideológico, onde
temos uma oposição de ideias sobre se devemos ter uma estrutura nacional mais
ou menos estatal, mais ou menos liberal, etc. Chama também a atenção como os
dois, Folador e Brum, teoricamente oponentes ferrenhos, trabalhem juntos com
tão vigor pelo município que lhes deu a confiança ao elege-los para os maiores
cargos executivos e que, não só isso, trabalhem em conjunto e harmonia, um
verdadeiro time. Este modelo está presente também na escolha do secretariado,
onde por exemplo temos o Senhor Artêmio Parcianello do PT na Secretaria de
Obras e o Senhor Valdenir de Almeida do PSDB na Secretaria de Meio Ambiente.
Diga-se de passagem que a administração municipal vai muito bem, obrigado.
No Oriente Médio existe um ditado que diz que para se
fazer a paz, temos que conversar com os inimigos, e que mesmo entre inimigos deve
haver respeito. Eu acrescentaria que o melhor é além da paz, transformarmos os
antigos inimigos em parceiros, pois muitas vezes os objetivos são comuns e
pouco se ganha com contendas que não levam a nada. Aparentemente após tantas
disputas eleitorais passadas, estas lições foram muito bem entendidas em
Candiota, onde a união entre estes adversários ferrenhos (a nível nacional) foi
essencial para quebrar a inércia política local e com isso mudar o paradigma
administrativo municipal e de tabela o panorama do município.
Obviamente isto não foi obtido sem pagar o preço.
Estando no meio de uma política nacional ampla de dois partidos em lados
ideológicos opostos, dificilmente esta união foi aprovada em outras instâncias
sem uma serie de conversas e negociações. A política saudável é feita de
dialogo, e isto é um ponto importante da política candiotense, para que tal
aliança se mantenha estável e com tal poder de atuação. As pressões que devem
ter se abatido sobre o Senhor Folador e o Senhor Brum foram e são provavelmente
esmagadoras. Mas como toda liderança focada em objetivos claros, com os
resultados vieram também os prêmios. O Senhor Folador e o Senhor Brum conseguiram
74% de votos na sua reeleição para a prefeitura, feito difícil de ser obtido
por políticos que buscam um segundo mandato. Agora recentemente foi dada ao
Senhor Folador a vice presidência da FAMURS - Federação das Associações de
Municípios do Rio Grande do Sul, com isto conseguindo uma projeção política
enorme para o seu município a nível estadual. Todos estes feitos e o fato de ter
sido mantido o tecido desta aliança política intacto por tantos anos,
conseguindo com isto trazer resultados para Candiota, mostram o quanto é
importante uma liderança política esclarecida e comprometida com o dialogo e a
conciliação visando objetivos comuns. Certamente esta situação é melhor que
brigas mesquinhas e desentendimentos irracionais, os quais geram apenas
desgaste e um preço enorme, não só para os elementos centrais da disputa
política, mas principalmente para os cidadãos, leia-se eleitores.
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