Crise, Oportunidade e Esperança
Cerca de dois anos atrás, através de uma palestra
na Câmara dos Vereadores de Bagé, divulguei a ideia de um Polo Carboquímico em
Candiota. Eu já tinha lançado esta ideia em palestras na própria Universidade Federal
do Pampa (UNIPAMPA) e para a Prefeitura de Candiota. Depois disso muita água
passou debaixo da ponte. A ideia que a principio parecia para alguns fora do
contexto, e para outros completamente insana, ganhou vida e forma. Hoje se tornou talvez a grande saída para a crise que
o setor carbonífero está se defrontando.
O ideograma chinês para crise é o mesmo que para
oportunidade. Este é o contexto que hoje nos defrontamos com os leilões de
energia. Além dos obstáculos que são postos sob o título “ambiental”, também
está bem claro que a energia do carvão está mais cara que outras alternativas:
hidráulica a R$ 95/MWh e eólicas a R$ 119,03/MWh. Para efeito de comparação, R$
144/MWh não seria um valor viável para termelétricas a carvão. Com o fim, pelo
menos por enquanto, destes leilões, tem-se uma situação de crise, sem que
nenhum empreendimento a carvão tenha sido contemplado. Mas como no ideograma chinês, a crise também significa oportunidade.
O carvão de Candiota apresenta características
extremamente adequadas para o processo de gaseificação, que é o ponto de
partida em qualquer processo moderno para aproveitamento do carvão na obtenção
de produtos normalmente petroquímicos. Novos interesses estão aparecendo, tanto
nacionais como estrangeiros para uso do carvão usando esta rota. Isso agora
começa a parecer como o grande caminho pois o uso do carvão na carboquímica
permite um aproveitamento econômico muito melhor, além de gerar menos resíduos.
A alavancagem política começa a dar frutos, frutos
poderosos. Na viagem do governador Tarso a China estiveram também o prefeito de
Candiota, Sr. Luis Carlos Folador e representantes da Agência Gaúcha de
Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI). Um elogio deve ser feito em
particular ao prefeito Folador: seu apoio ao projeto foi integral desde o
primeiro momento que lhe foi apresentado o projeto na UNIPAMPA, quando muitos
duvidavam da exequibilidade do mesmo projeto. Graças ao prefeito Folador e seu
comprometimento, tanto político como pessoal, o projeto ganhou asas e hoje
aparentemente tem voo próprio, distante dos corredores acadêmicos.
Com o lançamento econômico político do projeto de
um Polo Carboquímico, novos caminhos e rumos poderão ser traçados e assim, como
já foi dito e repetido, mudanças, positivas e alavancadoras de progresso,
estarão a caminho para a nossa região.
Talvez esta seja a maior contribuição que uma
instituição como a UNIPAMPA pode trazer para a região, além, é claro, da
formação de jovens: novas ideias, não apenas uma ou outra ideia de impacto, mas
todas as ideias que pessoas que passaram anos se debruçando em estudos e
pesquisas podem trazer para cá. Para estas ideias, de mudanças, de novos rumos,
apenas um nome pode significar tudo: Esperança.
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