Globalização
Na Antiguidade, no chamado Velho Mundo (África,
Ásia e Europa), dois mil ou mais anos no passado, dois grandes blocos de
civilização evoluíram: no lado europeu, o Império Romano e no Extremo Oriente,
o Império Celestial (China). Entre os dois existia um grande maciço de terra,
através do qual, com grande dificuldade, fluíam mercadorias e ideias. Seda
chinesa seria trocada por ouro romano e assim por diante. A grande muralha da
China foi erguida muito mais para controle (e taxação) deste comércio do que
propriamente para defesa contra os “bárbaros”. Roma não precisou fazer uma obra
deste porte visto que o Rio Danúbio constituía uma barreira natural. Com a
queda do Império Romano e desordens na China, o mundo entra em um estado
letárgico que chamamos de Idade Média. O comércio, mesmo local, ficou a um
nível irrisório. Em uma sociedade de “guerreiros, sacerdotes e camponeses” não
haveria muito espaço para o comerciante burgues (muito menos para o
operariado). Uma pessoa importante seria aquela com terras e camponeses (feudo)
e não o capitalista ou político.
As cruzadas iniciadas em 1096 começaram a mudar
este panorama. As trocas entre a Europa e o Oriente se aceleram, em um nível
ainda tímido, mas suficiente para formar interesses comerciais importantes na
Europa (cidades italianas) e no Extremo Oriente. Com o fim das cruzadas,
segue-se a conquista de quase toda a Ásia por Gêngis Khan, abrindo-se pela
primeira vez na História uma via de acesso regular para fluxo de mercadorias.
Com o fim do Império Mongol, esta estrada se fecha novamente, mas o gênio já
havia sido despertado. Interessante notar que Cristovão Colombo parte para ter
contato com o Império do “Grande Khan”, que no entanto já tinha desaparecido
100 anos antes. Por ai pode-se perceber como eram lentas as comunicações neste
mundo ainda muito fechado para si mesmo.
Seguem-se as Grandes Navegações e com elas a
Revolução Comercial. Produtos como seda, especiarias, açúcar, etc começam a
fluir em quantidades cada vez maior por mercados tais como Antuérpia (Holanda)
e Macau (China). Com a Revolução Industrial, produtos antes de luxo se tornam
acessíveis para parcelas cada vez maiores da população à nível mundial. Desde a
Revolução Comercial, fluxo migratórios intensos ocorrem, entre eles,
particularmente, a colonização europeia do nosso Pampa, trazendo toda uma nova
cultura para a nossa região. Uma mudança de contornos ao mesmo tempo
conservadores e revolucionários!
Com o advento de meios de transporte e comunicações
mais eficientes, popularizados particularmente após a Segunda Guerra, o Planeta
Terra se torna efetivamente uma ‘Aldeia Global”. O Choque do Futuro de Alvin
Toffler se torna não mais futuro, mas um presente bem concreto. Com o advento
da Internet, mais do que nunca velhas relações sociais e de produção parecem
derreter e novas aparecem.
Além disso, podemos tentar tirar partido disto aqui
no nosso Pampa. Temos uma infraestrutura de transportes muito boa, ainda que
subaproveitada. Meios de comunicação de primeira. Posso afirmar sem problemas,
que em termos de internet, telefonia ou TV a cabo, nada devemos se comparados
com os lugares mais desenvolvidos do mundo. Muitos países no mundo não tem nem
de leve isto.
As mudanças com a globalização estão ocorrendo e
são naturalmente inevitáveis pois como qualquer comunidade, buscamos o melhor.
Saber tomar partido das mesmas para que possamos nos desenvolver de forma sadia
e não entrarmos no “desenvolvimentismo a qualquer preço” é de suma importância
e um grande tema de debate numa comunidade como a nossa que cada vez mais está integrada
na “Aldeia Global”. Aproveitarmos as nossas potencialidades e direcionarmos as
mesmas dentro deste panorama mundial é super importante para o nosso “salto
para o futuro”.
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