O Paradoxo
Desertos são lugares inóspitos. São
também lugares para reflexão. Moisés, Jesus e Maomé tiveram na solidão do
deserto grandes momentos de inspiração. As tábuas da lei foram dadas ao povo
hebreu no meio do deserto por um grande motivo simbólico: elas seriam o porto
seguro no meio de um deserto de moral, de lei, de decência, etc. Assim sendo
pode-se ver que exatamente onde se tem carência de tudo é onde nós, enquanto
seres humanos, obtemos lições de inspiração preciosas.
Uma destas lições, na verdade um
questionamento, é o paradoxo “água-diamante”. Economistas e filósofos tem-se
debruçado sobre ele para explicar o porque das atitudes humanas quando somos
submetidos às mais diversas situações adversas. A situação em si é simples: dois
sujeitos se encontram no deserto. Um carrega um cantil de água e o outro um
diamante de altíssimo quilate e valor. Os dois estão sentindo o efeito do calor
e da desidratação e o sujeito do diamante aceita trocá-lo por um gole de água
do cantil. A primeira explicação e a mais lógica é de que o valor dos bens é
dado pelo uso que podemos dar a eles e pela raridade relativa: diamantes de
alto quilate são raros mas pouco uso tem além de enfeito no pescoço de
beldades, por outro lado água é essencial mas abundante. Assim sendo no mundo
fora do deserto, água tem menor valor e no deserto seria o bem mais valioso
devido a raridade. Podemos passar sem diamantes, porém nunca sem água.
Com todas as boas noticias que estão
vindo de todos os quadrantes, de Porto Alegre até Brasília, todos nós já
sabemos ou temos uma boa noção de que mudanças estão a caminho, investimentos
serão feitos, o progresso está vindo a passos largos. Isto tudo significa que o
fluxo migratório deverá ser revertido nos próximos anos. Muitas pessoas saíram
da nossa região por falta de trabalho. Muitos destes cidadãos locais foram
brilhar alhures, e vemos isto no noticiário com frequência. Certamente boa
parte deste pessoal irá querer retornar na nova situação que está se
cristalizando. Mais do que isso, iremos ter com certeza absoluta um fluxo
migratório de pessoas do norte do estado, de outras regiões do Brasil e até
mesmo de outros países. Este novo momento que se forma significa que iremos ter
um aumento populacional razoável nos próximos 5, 10 anos.
Assim como no paradoxo, água é um fator
fundamental. Já temos problemas de sobra na região atualmente. As estações de
tratamento precisam de reforma ou mesmo novas. Os sistemas de tratamento pode
ser substituído por mais modernos com vantagem nesta mudanças como tem sido
feito em outras partes do mundo. O tratamento com cloro pode ser trocado pelo
ozônio, a floculação pode usar agentes menos agressivos que o sulfato de alumínio tal como o sulfato de ferro ou mesmo produtos naturais. Por fim, os
políticos poderiam apresentar um projeto de lei para retirada do flúor da água.
Quando a adição do flúor foi tornada lei décadas atrás, isto foi um grande
progresso. Mas hoje, quando todas as pastas de dente tem este componente
essencial, a presença dele na água que usamos e bebemos se torna um problema
para todos pois o excesso do mesmo pode causar problemas.
Mais do que para amanhã, precisamos hoje
da conclusão das obras já iniciadas de empreendimentos para captação e
armazenamento de água. Todos sabem e já sentiram na pele o racionamento, inevitável se não tivermos um adequado abastecimento. E sem água de nada
valerão diamantes, e todo o nosso futuro estará comprometido.
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