segunda-feira, 6 de maio de 2013

O Paradoxo - Folha do Sul / 6.Maio.2013



O Paradoxo

Desertos são lugares inóspitos. São também lugares para reflexão. Moisés, Jesus e Maomé tiveram na solidão do deserto grandes momentos de inspiração. As tábuas da lei foram dadas ao povo hebreu no meio do deserto por um grande motivo simbólico: elas seriam o porto seguro no meio de um deserto de moral, de lei, de decência, etc. Assim sendo pode-se ver que exatamente onde se tem carência de tudo é onde nós, enquanto seres humanos, obtemos lições de inspiração preciosas.
Uma destas lições, na verdade um questionamento, é o paradoxo “água-diamante”. Economistas e filósofos tem-se debruçado sobre ele para explicar o porque das atitudes humanas quando somos submetidos às mais diversas situações adversas. A situação em si é simples: dois sujeitos se encontram no deserto. Um carrega um cantil de água e o outro um diamante de altíssimo quilate e valor. Os dois estão sentindo o efeito do calor e da desidratação e o sujeito do diamante aceita trocá-lo por um gole de água do cantil. A primeira explicação e a mais lógica é de que o valor dos bens é dado pelo uso que podemos dar a eles e pela raridade relativa: diamantes de alto quilate são raros mas pouco uso tem além de enfeito no pescoço de beldades, por outro lado água é essencial mas abundante. Assim sendo no mundo fora do deserto, água tem menor valor e no deserto seria o bem mais valioso devido a raridade. Podemos passar sem diamantes, porém nunca sem água.
Com todas as boas noticias que estão vindo de todos os quadrantes, de Porto Alegre até Brasília, todos nós já sabemos ou temos uma boa noção de que mudanças estão a caminho, investimentos serão feitos, o progresso está vindo a passos largos. Isto tudo significa que o fluxo migratório deverá ser revertido nos próximos anos. Muitas pessoas saíram da nossa região por falta de trabalho. Muitos destes cidadãos locais foram brilhar alhures, e vemos isto no noticiário com frequência. Certamente boa parte deste pessoal irá querer retornar na nova situação que está se cristalizando. Mais do que isso, iremos ter com certeza absoluta um fluxo migratório de pessoas do norte do estado, de outras regiões do Brasil e até mesmo de outros países. Este novo momento que se forma significa que iremos ter um aumento populacional razoável nos próximos 5, 10 anos.
Assim como no paradoxo, água é um fator fundamental. Já temos problemas de sobra na região atualmente. As estações de tratamento precisam de reforma ou mesmo novas. Os sistemas de tratamento pode ser substituído por mais modernos com vantagem nesta mudanças como tem sido feito em outras partes do mundo. O tratamento com cloro pode ser trocado pelo ozônio, a floculação pode usar agentes menos agressivos que o sulfato de alumínio tal como o sulfato de ferro ou mesmo produtos naturais. Por fim, os políticos poderiam apresentar um projeto de lei para retirada do flúor da água. Quando a adição do flúor foi tornada lei décadas atrás, isto foi um grande progresso. Mas hoje, quando todas as pastas de dente tem este componente essencial, a presença dele na água que usamos e bebemos se torna um problema para todos pois o excesso do mesmo pode causar problemas.
Mais do que para amanhã, precisamos hoje da conclusão das obras já iniciadas de empreendimentos para captação e armazenamento de água. Todos sabem e já sentiram na pele o racionamento, inevitável se não tivermos um adequado abastecimento. E sem água de nada valerão diamantes, e todo o nosso futuro estará comprometido.

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