Incapazes
Quando o ser humano aparece, pouco a pouco
dominando os elementos, este inicio não é sem sacrifícios. “Velho como a
necessidade” é um ditado tão antigo como a situação que ele tenta descrever.
Nesta situação de luta contra toda uma serie de adversidades, os grupamentos
humanos precisavam da ajuda de todos. Quanto mais forte, inteligente e capaz,
melhor seria o individuo para o grupo. Pessoas com problemas permanentes seriam
tidas como um “peso”. Na medida que ocorreu organização social, esta visão foi
pouco a pouco mudando. Imensos passos foram dados em um processo em que somos
todos participes que ainda está em curso.
Na antiga Esparta, bebes com problemas eram jogados
de um precipício. Esta talvez tenha sido uma das mais drásticas soluções em uma
sociedade organizada antiga. Nos tempos modernos o sistema nazista conseguiu
superar isto. A implementação do seu sistema de extermínio começou com pessoas
incapazes e só mais tarde partiram para minorias indesejadas. Pegaram os
coitados, em hospitais e os enviaram em caminhões com os gases indo para o
interior.
O homem é criado a imagem de Deus. Isto está
escrito por uma razão muito simples: para exatamente aprendermos a nos
respeitar e que estes tristes fatos aqui descritos não aconteçam. Podemos ver
ao nosso redor, na aventura da modernidade, que aqueles que nos acostumamos a
ver como “coitados”, na verdade vem subindo na escala social ao longo do tempo
e que pelo contrario, conseguem até mesmo superar os “normais”. Aliás este é um
grande ponto de controvérsia: o que seria “normal”? Uma pessoa cega é uma
pessoa normal, apenas tem uma deficiência visual, uma pessoa sem uma perna ou
um braço, também é tão normal quanto eu ou você, uma pessoa com síndrome de
Down com certeza tem limitações... Será que são tantas limitações assim? Hoje
temos pessoas com Down que são produtivas e felizes, cada vez mais! Temos
campeões de esporte que tem esta síndrome, e não só eles, pessoas com todo tipo
de deficiência. Talvez para nos redimir de todo um passado errado, estamos
hoje, pouco a pouco sabendo a lidar com isto e oferecemos oportunidades para
estas pessoas, não sem surpresas, estas pessoas também tem seu brilho. Um casal
com Down apareceu em entrevista na televisão. Pessoas felizes, convivendo com
uma situação que não pediram, mas que estão vivendo uma vida plena que puderam
ter graças ao apoio da família e dos amigos. Mais do que isso, são produtivos
para a sociedade, não um peso! O rapaz é inclusive campeão esportivo! Temos
cegos, surdos-mudos, todo tipo de problemas, que estudam, trabalham e são muito
felizes com a família e amigos.
Muito famosa é a estória de Helen Keller, cega,
surda e muda (desde a nascença), que totalmente incompreendida por todos,
conseguiu ser educada por Anne Sullivan. Viveu 87 anos plenos e tornou-se uma
célebre escritora, filósofa e conferencista, chegando a se graduar em
filosofia. Ganhando títulos e diplomas de instituições, como a universidade de
Harvard!!
Surdos e mudos, cegos, Down, falta de membros, todo
tipo de problemas... Mas quem não os têm? Aprendemos a conviver com os nossos
no dia a dia pois na verdade todos nós os temos, maiores ou menores. O
super-homem é apenas para as estórias em quadrinhos! E é como pessoas normais
que aprendemos a nos respeitar, cada um com os seus problemas. E é através do
respeito que aprendemos a nos ajudar e a nos elevar como seres humanos.
Muita coisa tem mudado, mas ainda existe muito a
ser feito. O poder público tem ajudado bastante, mas muitas vezes ainda é
ausente ou mesmo atrapalha. É importante que neste nosso Pampa, tão repleto de
tradições tão bonitas e de valores nobres, que possamos dar o exemplo e sermos,
como no Velho testamento, também nesta área, uma luz entre as nações. Uma maior
atenção com deficientes físicos por parte do poder público sempre será mais do
que bem vinda.
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