segunda-feira, 20 de maio de 2013

Incapazes - Folha do Sul / 20.Maio.2013



Incapazes

Quando o ser humano aparece, pouco a pouco dominando os elementos, este inicio não é sem sacrifícios. “Velho como a necessidade” é um ditado tão antigo como a situação que ele tenta descrever. Nesta situação de luta contra toda uma serie de adversidades, os grupamentos humanos precisavam da ajuda de todos. Quanto mais forte, inteligente e capaz, melhor seria o individuo para o grupo. Pessoas com problemas permanentes seriam tidas como um “peso”. Na medida que ocorreu organização social, esta visão foi pouco a pouco mudando. Imensos passos foram dados em um processo em que somos todos participes que ainda está em curso.
Na antiga Esparta, bebes com problemas eram jogados de um precipício. Esta talvez tenha sido uma das mais drásticas soluções em uma sociedade organizada antiga. Nos tempos modernos o sistema nazista conseguiu superar isto. A implementação do seu sistema de extermínio começou com pessoas incapazes e só mais tarde partiram para minorias indesejadas. Pegaram os coitados, em hospitais e os enviaram em caminhões com os gases indo para o interior.
O homem é criado a imagem de Deus. Isto está escrito por uma razão muito simples: para exatamente aprendermos a nos respeitar e que estes tristes fatos aqui descritos não aconteçam. Podemos ver ao nosso redor, na aventura da modernidade, que aqueles que nos acostumamos a ver como “coitados”, na verdade vem subindo na escala social ao longo do tempo e que pelo contrario, conseguem até mesmo superar os “normais”. Aliás este é um grande ponto de controvérsia: o que seria “normal”? Uma pessoa cega é uma pessoa normal, apenas tem uma deficiência visual, uma pessoa sem uma perna ou um braço, também é tão normal quanto eu ou você, uma pessoa com síndrome de Down com certeza tem limitações... Será que são tantas limitações assim? Hoje temos pessoas com Down que são produtivas e felizes, cada vez mais! Temos campeões de esporte que tem esta síndrome, e não só eles, pessoas com todo tipo de deficiência. Talvez para nos redimir de todo um passado errado, estamos hoje, pouco a pouco sabendo a lidar com isto e oferecemos oportunidades para estas pessoas, não sem surpresas, estas pessoas também tem seu brilho. Um casal com Down apareceu em entrevista na televisão. Pessoas felizes, convivendo com uma situação que não pediram, mas que estão vivendo uma vida plena que puderam ter graças ao apoio da família e dos amigos. Mais do que isso, são produtivos para a sociedade, não um peso! O rapaz é inclusive campeão esportivo! Temos cegos, surdos-mudos, todo tipo de problemas, que estudam, trabalham e são muito felizes com a família e amigos.
Muito famosa é a estória de Helen Keller, cega, surda e muda (desde a nascença), que totalmente incompreendida por todos, conseguiu ser educada por Anne Sullivan. Viveu 87 anos plenos e tornou-se uma célebre escritora, filósofa e conferencista, chegando a se graduar em filosofia. Ganhando títulos e diplomas de instituições, como a universidade de Harvard!!
Surdos e mudos, cegos, Down, falta de membros, todo tipo de problemas... Mas quem não os têm? Aprendemos a conviver com os nossos no dia a dia pois na verdade todos nós os temos, maiores ou menores. O super-homem é apenas para as estórias em quadrinhos! E é como pessoas normais que aprendemos a nos respeitar, cada um com os seus problemas. E é através do respeito que aprendemos a nos ajudar e a nos elevar como seres humanos.
Muita coisa tem mudado, mas ainda existe muito a ser feito. O poder público tem ajudado bastante, mas muitas vezes ainda é ausente ou mesmo atrapalha. É importante que neste nosso Pampa, tão repleto de tradições tão bonitas e de valores nobres, que possamos dar o exemplo e sermos, como no Velho testamento, também nesta área, uma luz entre as nações. Uma maior atenção com deficientes físicos por parte do poder público sempre será mais do que bem vinda.

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