terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Momento Complicado / Folha do Sul - 15.Dezembro.2014



Momento Complicado

Vendo o noticiário no sábado à noite, dificilmente deixamos de ficar no mínimo estarrecidos e surpresos com a enxurrada de noticias. Após vencer uma eleição super disputada com uma margem de votos muito pequena, o governo se encontra às voltas com problemas que parecem surgir do chão e que com certeza irão evoluir de forma provavelmente muito negativa ao longo dos próximos meses.
Começando pela própria eleição. O PSDB pediu e conseguiu uma auditoria no procedimento da mesma. Esta auditoria está em curso. Qualquer que seja o resultado da investigação, certamente irá ocorrer um clamor público pelo fim da urna eletrônica. Um sistema que não permite a recontagem dos votos e que não mantem um registro em papel dos mesmos é certamente passível de problemas. O mais provável é que se chegue a um acordo para que o voto eletrônico seja também impresso quando o eleitor votar e este voto impresso seria colocado pelo próprio eleitor em uma urna lacrada. Em caso de suspeita, a recontagem seria feita nestes votos impressos; Lamentavelmente o atual sistema não permite isto.
Um problemão com o desgaste imenso que isto provocou foi a aprovação das regras para mudança das metas de superavit do governo. Algo como mudar as normas da partida no final da mesma para favorecer não um dos times mas o juiz e os bandeirinhas. Um prêmio de cerca de R$ 700 mil foi lançado para “ajudar” os congressistas indecisos. Com a tal PLN aprovada, ficamos com uma situação tipo “Day After” ou o dia seguinte, pois corremos o risco de voltar a situação existente antes da Lei da Responsabilidade Fiscal quando todos os níveis de governo, federal, estadual e municipal, gastavam a rodo, deixando a conta para o governo seguinte. Com isto poderemos ter de volta inflação e descrédito do estado brasileiro, coisa que não interessa para ninguém, em nenhum ponto do espectro político, seja direita, esquerda ou centro.
Como se isto não bastasse, temos o escândalo da Petrobras, ou Petrolão, como está ficando conhecido. Tal qual uma bola de neve que vai rolando morro abaixo, aumentando de tamanho e arrastando tudo ao seu redor, a “bola Petrolão” parece não ter fim, crescendo de tamanho a cada dia, com mais e mais pessoas e empresas aparecendo envolvidas. No noticiário, no sábado, foi dito que até arma na cabeça de uma executiva da Petrobras (mais ameaças à filha da mesma) já foi usado como “instrumento de motivação”. Certamente toda esta situação é bastante complicada para o governo. Não é por acaso que fora as declarações de algumas empresas de que “estão colaborando” ativamente, quase ninguém quis prestar declaração sobre o assunto.
A situação já atravessou as fronteiras com ações sendo movidas contra a Petrobras nos Estados Unidos. Não é surpresa que as ações da mesma estejam num nível extremamente baixo. Com o preço do petróleo no mercado internacional baixando a níveis muito baixos, por uma série de motivos, todo o esforço para a extração do óleo do pré-sal ficará, pelo menos por um tempo razoável, comprometido. A pergunta que fica é, se no final das contas, a tal refinaria em Pernambuco e as plataformas de extração do pré-sal tem rentabilidade econômica ou se a conta irá ser paga no final pelos contribuintes. Afinal na hora do lucro da Petrobras, temos a privatização dos ganhos, mas na hora do prejuízo, temos a socialização das perdas.
Com as ameaças de toda esta estória acabar indo, como parece ir, para outros setores como Eletrobras, fica a pergunta de qual será o tamanho de tudo isto. Ficamos, depois dos choques iniciais, anestesiados com os valores, afinal, é bilhão para cá, bilhão para lá. Parece até que estamos pegando uns trocados para comprar uns pãezinhos na padaria. O dano à imagem do Estado Brasileiro já está feita e para que esta imagem se recomponha, pelo menos no médio prazo, é necessário que estas investigações cheguem ao fim com resultados plausíveis de punição a todos os culpados envolvidos.

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