terça-feira, 4 de novembro de 2014

Progresso... pelo menos no trânsito / Folha do Sul - 3.Novembro.2014



Progresso... pelo menos no trânsito

Hora de dar uma folga para a política. Todos nós temos de voltar para o dia a dia, e esquecer o stress que foram estes dois meses de campanha eleitoral. Uma nova acomodação entre as forças políticas irá certamente ocorrer. Necessidade de mudanças na política econômica, pais rachado, governo com menos força, uma oposição mais forte mas que ainda precisa mostrar para que veio, e assim por diante. Isso tudo já está em outras noticias e seria desnecessário repetir tudo de novo. A preocupação fica por conta da polarização e como poderemos lidar com isso. Quer queiramos, quer não, pisamos todos o mesmo chão do pais chamado Brasil e respiramos os ares da nação brasileira. Fica no ar o pedido de auditoria na apuração solicitado pelo PSDB e as manifestações de sábado por todo pais, a maior em São Paulo, demonstrando a insatisfação nítida de parte da população com o formato da eleição.
A parte provavelmente mais importante de tudo isso e a que é esperada pela nação é qual será daqui para a frente a política econômica. O aumento nos juros e nos combustíveis são preocupantes assim como o déficit nas contas do governo. Mas nada que não se possa administrar pois já estivemos em situação pior, muito pior. Os mais jovens podem pensar que é uma brincadeira pois não viram uma inflação de quase 100% ao mês, por isso parece até estória da carochinha. As incertezas do dia a dia em que estivemos entre os anos 80 e 90, junto com a crise econômica da moeda, ou melhor de varias, já que trocamos varias vezes de nome nas notas, havia também a crise política que não arrefecia: fim do governo militar, impeachment de Collor, etc. O clima de incerteza era extremo e o pais viveu naqueles anos uma situação difícil, muito difícil. Uma política econômica que não nos leve de volta para esta situação e que pelo contrário, nos tire do atoleiro atual da estagnação econômica em que nos encontramos, é certamente esperança de todos nós, independente de sigla partidária ou governo.
A boa noticia vem paradoxalmente da política para (ou melhor contra) crimes e infrações no trânsito. As multas de trânsito irão ficar agora mais caras, muito mais caras com outras penalidades para os “pisadores da bola”. Ao longo do tempo, tem havido mudanças na legislação no sentido de uma maior repressão aos infratores. O uso da lei mostrando que existem consequências para maus atos continua sendo a melhor barreira para coação de abusos. Ao longo de quarto de século, muita coisa aconteceu neste particular. Mudança no código de trânsito, lei seca, etc. As multas e penalidades mais altas apenas sinalizam que definitivamente as autoridades não estão mais tão tolerantes como antes. Certamente o Brasil não merece ter dezenas de milhares de mortes e feridos, incluindo mutilados, todos os anos estradas e ruas afora, praticamente uma guerra todos os dias debaixo dos nossos narizes. Muito já foi noticiado sobre o assunto, incluindo-se ai motoristas bêbados achincalhando a policia depois de terem causado acidentes terríveis, imprudência colocando em risco a vida alheia, e assim por diante.
A lei como fator de detérrent é ainda a melhor política a ser usada. A ninguém é dado o direito de fazer algo se desculpando de que não sabia da lei. Assim reza a introdução ao código civil, de 1942. O mesmo brasileiro que vemos por aqui fazendo muitas vezes coisas abomináveis no trânsito, este mesmo brasileiro, se comporta de forma exemplar em outros países. Tanto é assim que quase não se escuta falar em brasileiros metidos em problemas sérios no trânsito mundo afora. Se somos exemplo no mundo todo, por que não mostrarmos isto aqui mesmo, onde afinal é a nossa casa?
As multas mais caras e penalidades mais duras, incluindo ai penas de cadeia, deverão trazer um melhor comportamento dos nossos motoristas e como consequência uma redução nos tristes números das estatísticas que em nada nos enaltecem. Fica a esperança de um dia poder abrir o jornal e ler que o Brasil é o pais com o menor número de acidentes no trânsito e por consequência de mortos, de preferência nenhum. Fica também a esperança de não usarem este resultado, fruto da luta de todos, em campanhas eleitorais que mais soam a barraco que a um debate sério.

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