Nova Pátria
O Professor Fritz Feigl (1891-1971) é um nome
conhecido e de certa forma uma lenda na área da química brasileira. Nascido na
Áustria, lutou na Primeira Guerra Mundial chegando até a patente de capitão. Já
era cientista conhecido mundialmente quando os nazistas tomaram a Áustria. Por
ser judeu foi demitido da Universidade e buscou refugio com a família na
Bélgica. Com o avanço nazista na Europa, foi preso e chegou a ir para um campo
de concentração. Graças ao embaixador brasileiro em Paris (Luiz de Souza
Dantas), conseguiu refugio para si e para a família no Brasil onde chegaram em
novembro de 1940. Tendo arranjado emprego no Laboratório de Produção Mineral do
Ministério da Agricultura, o Professor Feigl pode, junto com a família, passar
longe do pesadelo da guerra. Suas colaborações científicas foram de tal monta
que por décadas o Brasil foi referência na área de química analítica. Muitos
dos ensaios que ele inventou (análise de toque ou spot test em inglês) são até
hoje usados e ensinados nos cursos de química mundo afora. O Professor Feigl se
naturalizou brasileiro com a familia e após a guerra recebeu inúmeros convites
para ir morar em outros países. Oportunidades e honrarias não lhe faltavam, mas
ele aqui preferiu ficar até seu falecimento. Seu nome é uma referência no meio
profissional brasileiro (química) e seu amor e carinho pelo Brasil são sempre
lembrados.
Países como o nosso, com tradição de receber o
elemento estrangeiro, com hospitalidade, tem muito a lucrar com isto. Os Estados
Unidos, na maior parte de sua história, sempre também tiveram esta atitude.
Poderíamos lembrar vários outros: Austrália, Canada, etc. O imigrante, muitas
vezes vindo de um meio hostil, ao ser recebido bem na nova terra, faz dela sua
nova pátria e a defende as vezes com mais energia do que os nativos. O
Professor Feigl é apenas uma estória entre tantas, lembrado pela importância,
mas certamente muitas famílias vieram para cá, na maior parte das vezes nas
mais precárias condições e com muita luta e esforço aqui se radicaram e se
tornaram parte da comunidade. Aqui no Rio Grande do Sul temos todo este
cadinho, europeus, africanos, árabes, judeus, enfim todo tipo de etnia está
presente aqui. Não preciso lembrar a pujante e esforçada comunidade palestina de
Bagé, forte e presente na área comercial.
Os Estados Unidos hoje levantaram uma serie de
barreiras para a imigração. Isto tem levado a uma serie de problemas como
tráfico de gente, separação de famílias, etc. Esta política tem sido um tiro no
pé por trazer uma serie de problemas que não servem para nada. Um imigrante sem
papéis nos EUA é praticamente um cidadão de segunda classe sem as oportunidades
que são oferecidas para os demais tendo que se submeter muitas vezes a
trabalhos extenuantes por uma remuneração mínima. A espada de Damocles da
deportação está sempre presente. Diga-se a verdade que o atual governo do Sr.
Obama tem tentado passar legislação para atenuar estes problemas mas existe
muita resistência no Congresso e com isso os problemas continuam.
Aqui no Brasil, tem havido noticias de
exploração de mão de obra oriunda principalmente da Bolívia e da África. As
pessoas, muitas vezes famílias inteiras, vem para cá na esperança de conseguir
uma vida melhor, mais segura e com mais oportunidade para si e para seus
filhos. Até onde se pode acompanhar o noticiário, o problema se concentra
principalmente em São Paulo. Neste ponto a policia e o Ministério do Trabalho
tem tentado fazer seu papel. Mais do que nunca precisamos impedir que pessoas
sejam no nosso pais transformados em cidadãos de segunda classe. O empresario
que quer aumentar seu lucro deve buscar novas técnicas, novas máquinas, enfim
novos investimentos ao invés de fazer uso explorativo ao extremo da miséria
alheia. Se alguém quer vir para aqui trabalhar e pagar seus impostos, nada deve
existir contra estas pessoas. Caso se prove, após o tempo que a lei estipula,
que este cidadão é pessoa de bem, o interesse de ele se tornar brasileiro é
reciproco. Diga-se de passagem que muitos preferem voltar para sua pátria de
origem, mais por quererem voltar para família e amigos que outra coisa. O
grande lucro é nosso com a riqueza gerada, e também com a exposição a novas
culturas e aos impostos que aqui são deixados.
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