segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Nova Pátria - Folha do Sul / 14.Outubro.2013



Nova Pátria

O Professor Fritz Feigl (1891-1971) é um nome conhecido e de certa forma uma lenda na área da química brasileira. Nascido na Áustria, lutou na Primeira Guerra Mundial chegando até a patente de capitão. Já era cientista conhecido mundialmente quando os nazistas tomaram a Áustria. Por ser judeu foi demitido da Universidade e buscou refugio com a família na Bélgica. Com o avanço nazista na Europa, foi preso e chegou a ir para um campo de concentração. Graças ao embaixador brasileiro em Paris (Luiz de Souza Dantas), conseguiu refugio para si e para a família no Brasil onde chegaram em novembro de 1940. Tendo arranjado emprego no Laboratório de Produção Mineral do Ministério da Agricultura, o Professor Feigl pode, junto com a família, passar longe do pesadelo da guerra. Suas colaborações científicas foram de tal monta que por décadas o Brasil foi referência na área de química analítica. Muitos dos ensaios que ele inventou (análise de toque ou spot test em inglês) são até hoje usados e ensinados nos cursos de química mundo afora. O Professor Feigl se naturalizou brasileiro com a familia e após a guerra recebeu inúmeros convites para ir morar em outros países. Oportunidades e honrarias não lhe faltavam, mas ele aqui preferiu ficar até seu falecimento. Seu nome é uma referência no meio profissional brasileiro (química) e seu amor e carinho pelo Brasil são sempre lembrados.
Países como o nosso, com tradição de receber o elemento estrangeiro, com hospitalidade, tem muito a lucrar com isto. Os Estados Unidos, na maior parte de sua história, sempre também tiveram esta atitude. Poderíamos lembrar vários outros: Austrália, Canada, etc. O imigrante, muitas vezes vindo de um meio hostil, ao ser recebido bem na nova terra, faz dela sua nova pátria e a defende as vezes com mais energia do que os nativos. O Professor Feigl é apenas uma estória entre tantas, lembrado pela importância, mas certamente muitas famílias vieram para cá, na maior parte das vezes nas mais precárias condições e com muita luta e esforço aqui se radicaram e se tornaram parte da comunidade. Aqui no Rio Grande do Sul temos todo este cadinho, europeus, africanos, árabes, judeus, enfim todo tipo de etnia está presente aqui. Não preciso lembrar a pujante e esforçada comunidade palestina de Bagé, forte e presente na área comercial.
Os Estados Unidos hoje levantaram uma serie de barreiras para a imigração. Isto tem levado a uma serie de problemas como tráfico de gente, separação de famílias, etc. Esta política tem sido um tiro no pé por trazer uma serie de problemas que não servem para nada. Um imigrante sem papéis nos EUA é praticamente um cidadão de segunda classe sem as oportunidades que são oferecidas para os demais tendo que se submeter muitas vezes a trabalhos extenuantes por uma remuneração mínima. A espada de Damocles da deportação está sempre presente. Diga-se a verdade que o atual governo do Sr. Obama tem tentado passar legislação para atenuar estes problemas mas existe muita resistência no Congresso e com isso os problemas continuam.
Aqui no Brasil, tem havido noticias de exploração de mão de obra oriunda principalmente da Bolívia e da África. As pessoas, muitas vezes famílias inteiras, vem para cá na esperança de conseguir uma vida melhor, mais segura e com mais oportunidade para si e para seus filhos. Até onde se pode acompanhar o noticiário, o problema se concentra principalmente em São Paulo. Neste ponto a policia e o Ministério do Trabalho tem tentado fazer seu papel. Mais do que nunca precisamos impedir que pessoas sejam no nosso pais transformados em cidadãos de segunda classe. O empresario que quer aumentar seu lucro deve buscar novas técnicas, novas máquinas, enfim novos investimentos ao invés de fazer uso explorativo ao extremo da miséria alheia. Se alguém quer vir para aqui trabalhar e pagar seus impostos, nada deve existir contra estas pessoas. Caso se prove, após o tempo que a lei estipula, que este cidadão é pessoa de bem, o interesse de ele se tornar brasileiro é reciproco. Diga-se de passagem que muitos preferem voltar para sua pátria de origem, mais por quererem voltar para família e amigos que outra coisa. O grande lucro é nosso com a riqueza gerada, e também com a exposição a novas culturas e aos impostos que aqui são deixados.

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