REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Grandes mudanças na história humana muitas vezes são denominadas "revoluções". Segundo as descobertas arqueológicas, evoluímos de "hominídeos" para "humanos". Ao longo deste período fomos basicamente coletores caçadores, vivendo do que o meio ambiente podia nos fornecer. A descoberta da agricultura e o pastoreio nos permitiu nos tornarmos sócios da Natureza. Muito embora existam espécies que também fazem isto, como as formigas, que cultivam fungos nas suas colônias e cuidam de certos insetos para obter algum tipo de néctar. Mas não na escala em que nós humanos passamos a fazer, mudando radicalmente areas inteiras para a agropecuária. Com isso a população pode crescer e ter um padrão de vida melhor que o de uma sociedade baseada apenas em caça e coleta. Isso foi chamado de Revolução da Agricultura.
Fonte: Wiatrak zboże chmury.jpg - Wikimedia Commons
Com o advento da escrita, uso de metais, organização política, etc, tivemos a Revolução Urbana, quando ocorrem aglomerações humanas, que passamos a chamar de "cidades". Estas "cidades" tinham particularmente caráter administrativo. A união destas cidades, de uma forma ou outra gerou o que podemos chamar de estados nações ou estados imperiais. Este período, sem querer se fixar numa data específica, é em geral chamado de "Antiguidade". A principal forma de produção continua sendo a agropecuária, com uso bastante intenso de trabalho escravo. Produtos manufaturados são feitos em pequena escala em oficinas via de regra improvisadas. O Império Romano seria talvez o melhor exemplo.
Com a desagregação do Império Romano, ocorre o surgimento do Feudalismo, com o escravo, que antes era "propriedade" se tornando o "servo da gleba", ou seja, ficando fixado a terra, não podendo mais ser vendido ou trocado. Se mantém a produção agropecuária, e produtos manufaturados são continuam sendo feitos em pequena escala em oficinas. As cidades se organizam neste período no que chamamos de burgos. O "burguês" seria assim o habitante destes aglomerados urbanos, que são, além de centros administrativos, centros comerciais e de produção manufatureira, também chamada produção doméstica.
Após a queda de Constantinopla para os turcos e a era dos grandes descobrimentos, no Século XV, ocorre a chamada Revolução Comercial, em que produtos são comercializados a nível mundial: cravo, canela, etc, do Oriente, Seda da China, açúcar do Brasil, ouro e prata das Américas, Rum das colônias inglesas, etc. O mercado começa a se tornar cada vez mais "global".
Dominio Público
Alguns historiadores afirmam que mesmo antes do Século XV, que a China quase entrou em uma era industrial, saindo do sistema doméstico para um sistema em escala maior. Mas isso não teria ocorrido por uma série de fatores, políticos e econômicos. A verdadeira Revolução Industrial, tal como a conhecemos, acabou ocorrendo na Inglaterra, onde sendo um centro de comércio, de navegação, com mudanças na estrutura de produção, com a introdução de máquinas, que aumentaram bastante a produtividade.
Fonte: The Board of Trustees of the Science Museum - CC BY-NC-SA
O exemplo inglês mostra bem como foi o processo mundo afora. Os antigos servos de gleba, ou camponeses, foram expulsos das terras, que foram reivindicadas pela "nobreza", gerando o processo de cercamento das terras. Nestas terras eram criadas ovelhas, que supriam a lã, para a nascente indústria têxtil. Os camponeses expulsos iam para as cidades, onde forneciam mão de obra barata para as fábricas. Com a necessidade de mais aço, o carvão mineral, bastante abundante na Inglaterra passou a ser usado, em escala cada vez maior. Do processo de obtenção do coque, se obteve o alcatrão da hulha, matéria prima para corantes, também aplicados na indústria têxtil. Com a necessidade de mais produção, máquinas a vapor passaram a ser usadas, inclusive para transporte, e assim por diante, em um processo que se auto alimenta e que continua até os dias de hoje.
Fonte: Tony Hisgett - CC BY
A Inglaterra, com suas matérias primas, mão de obra disponível, rede comercial internacional, etc, estava mais do que nunca preparada para dar este passo. Uma vez iniciada a Revolução Industrial, ela iria pouco a pouco atingir o mundo todo. E assim como trouxe soluções, trouxe problemas, incluindo desigualdade econômica e poluição ambiental. Estamos muito longe ainda de dar uma solução nestes novos desafios.
Fonte: Poluição - Giuliano Belli
Mas o mundo em que vivemos passou a ser de um grande dinamismo. Invenção atrás de invenção, descoberta atrás de descoberta, transportes mais rápidos e baratos, meios de comunicação mais eficientes. Enfim, o mundo encolheu e se tornou uma aldeia global.
A dinâmica do processo, de substituição do arcaico pelo mais moderno, foi descrita com brilhantismo, pelo economista austríaco Schumpeter. Passamos a viver numa sociedade onde a mudança é o esperado. Mas muitas vezes não nos damos conta dos problemas que esta mudança está nos trazendo. E estas mudanças são exatamente fruto da Revolução Industrial. Algo bem diferente daquele mundo feudal estático e parado.
Alguns exemplos da atualidade: Energia Solar, Inteligência Artificial, Drones, etc. O espírito inovador dos ingleses do Século XVIII continua entre nós.
Para acessar no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=KCdOX89WjBo&list=PLUZgWkwWR0fbtTV-b7tw6MO6zGNuVSBUv&index=2
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