quinta-feira, 10 de agosto de 2023

DESPERDÍCIO DE ENERGIA / 8 de Agosto de 2023

 DESPERDÍCIO DE ENERGIA

Lamentavelmente muitas vezes a verdade dói e muitas, se não a maioria das pessoas preferem cobrir o sol com uma peneira a escutar a razão e entender os fatos. Estou começando este texto com esta observação pois sei que dói bastante no coração de muita gente aceitar a realidade da qual não temos como escapar. Me refiro a situação atualmente vivida pela indústria carbonífera, não apenas aqui no Brasil, mas no mundo todo, onde podemos ver as resistências para a mudança.

Para entender toda esta situação, precisamos voltar ao início, em meados do Século XVIII, quando um inglês, o senhor Thomas Newcomen observou o movimento que o vapor fazia na tampa da sua chaleira. Provavelmente Mister Newcomen devia estar preparando o tão tradicional chá inglês e teve uma iluminação. Desta reflexão nasceu a primeira máquina a vapor no mundo moderno, que seria décadas mais tarde aperfeiçoada por Watt.

Alguns fatos precisam ser entendidos. A máquina a vapor foi inventada na verdade 2.000 anos antes por um cavalheiro chamado Hierão, de Alexandria, Egito. Mas este invento não vingou e apenas com o advento do inicio da Revolução Industrial na Inglaterra e o inicio da expansão da indústria metalúrgica que as peças do quebra cabeça se fecharam. Os altos-fornos para produção de aço precisavam de carvão. As florestas da Inglaterra, pela transformação da madeira em carvão vegetal, não davam conta da demanda, e por sorte (ou azar, dependendo do ponto de vista), se descobriram as minas de carvão mineral, subterrâneas na maioria, no subsolo inglês. Mas as tais minas tinham uma péssima tendência para se inundarem de água, e ai vieram Mister Newcomen, e depois Mister Watt com uma máquina que ajudou na drenagem, por bombeamento, desta indesejada água.

Depois disso, o uso desta nova máquina se difundiu para diversas outras indústrias, tais como tecelagem, transportes, etc. E o uso do carvão mineral, extraído do solo foi ficando cada vez maior. Com o advento da eletricidade, o uso do carvão, e posteriormente de outros combustíveis, também fósseis, como o petróleo e o gás natural, para este fim, foi cada vez maior.

Existem alguns problemas, bastante sérios, no uso de combustíveis fósseis na produção de energia. Um deles é que estes materiais não são renováveis, o que a longo prazo mostra a não sustentabilidade deste modelo. O outro problema é que a queima destes materiais gera, além do calor, que é transformado em vapor e este em eletricidade, ocorre também a geração de poluentes, que podem ser gasosos, líquidos ou mesmo sólidos. 

O pior poluente a longo prazo é o CO2. Este gás possui a capacidade, indesejada, de reter o calor do sol na atmosfera, provocando assim o chamado efeito estufa, Há décadas que a comunidade científica vem avisando e alertando sobre as consequências. Uma parte do problema é que nas camadas geladas de solo dos extremos do planeta e no fundo do oceano existe metano, que está sendo liberado por conta deste aquecimento global. E o metano tem um efeito estufa muito pior, dezenas de vezes pior, que o gás carbônico, CO2. Estaríamos assim submetidos a um efeito bola de neve, com um aquecimento cada vez maior da atmosfera, e assim todo um desequilíbrio dos ecossistemas.

 
 Além dos problemas ambientais, os últimos anos viram o alvorecer de tecnologias, cada vez mais competitivas, capazes de aproveitar a energia solar e eólica. O custo da geração por estas novas formas de energia vem caindo ano após ano. Hoje elas são totalmente competitivas com as formas de geração tradicionais, baseadas em combustíveis fósseis poluentes. Parques eólicos estão presentes em muitas regiões, com um crescimento cada vez maior. A energia solar é cada vez mais utilizada. Basta olhar os telhados ao redor, onde a geração para uso doméstico só faz crescer. Além de usinas solares enormes.

Imagens de Domínio Público (Wikimedia)
 
Assim, a indústria baseada em combustíveis fósseis em geral, e a do carvão em particular, está sendo cada vez mais cercada. Os fatos são os fatos. Não há como nega-los. Ainda iremos ter geração de usinas térmicas por algum tempo, mas é questão de poucos anos para que se acabe esta forma de geração de energia a nível industrial, não só pelo apelo ambiental como também pelos fatos econômicos, pela simples razão de serem mais caras que as novas fontes renováveis.

A matriz energética brasileira, devido principalmente as hidrelétricas, tem um perfil bastante "verde". Nosso uso de termelétricas é bem menor que outros países. E as energias solares e eólicas estão cada vez mais presentes. Os números são muito conflitantes, mas há quem diga que mais de 15 % da matriz energética verde amarela já seria solar, e outro tanto eólica.

Mesmo com uma modernização, usando tecnologias mais modernas, tais como o ciclo combinado, IGCC, não iriam causar nenhuma diferença. Puro desperdício de dinheiro, tempo e mão de obra. O caminho a ser seguido é outro. E este caminho deverá ser pela Petroquímica e pela Carboquímica.

Já se passaram mais de dez anos desde que a ideia da Carboquímica foi lançada. Para quem quiser saber mais sobre o assunto, recomendo acessar  https://www.youtube.com/watch?v=pni5DQpk52s no YOUTUBE. Irei posteriormente escrever mais sobre este importante tema. Importante frisar que a Carboquímica, muito menos poluente que a indústria tradicional de geração de energia por queima do carvão, é também bem mais lucrativa e geradora de renda e riqueza.

Lamentavelmente temos aqueles que defendem as indústrias de energia tradicionais (carvão e outras). Não só aqui no Brasil. Mas a cada dia este debate se torna samba de doido. Os EUA pretendem estar solarizados em 20 anos. Não seria surpresa se isto ocorrer em menos de 10. O presidente Trump defendia a indústria carbonífera tradicional. Mas foi em vão. Será muito difícil barrar o avanço das renováveis, mesmo com legislações restritivas.

A mudança irá ocorrer. Precisamos de lideranças políticas e principalmente empresariais para que ela ocorra o mais rápido possível. Particularmente o nosso carvão gaúcho é ótimo para a Carboquímica. Os arautos do atraso, alguns lamentavelmente até no meio acadêmico, irão ser, a cada dia, cada vez mais postos de lado. Precisamos de lideranças corajosas e de grande vontade para superar as forças do atraso e das mentalidades arcaicas e mesquinhas que lamentavelmente só pensam no seus próprios interesses.

Em um Blog posterior irei escrever sobre a Carboquímica e seu imenso potencial.

Professor Sérgio Meth Morgenbesser


Para citar este artigo:

Morgenbesser, S. M. , Desperdício de Energia, http://prof-sergiometh.blogspot.com/2023/08/desperdicio-de-energia.html , Bagé - RS, 08.Ago.2023

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