terça-feira, 15 de agosto de 2023

APAGÃO / 15 de Agosto de 2.023

 APAGÃO

Acordei hoje com o noticiário  anunciando mais um novo apagão no setor elétrico a nível nacional. Como sempre parece que não temos culpados, tudo parece ser pelo visto por causa da Vontade Divina. Enquanto vemos os mesmos políticos de sempre com as mesmas desculpas esfarrapadas sendo ditas, e responsabilidades sendo empurradas, com as assim chamadas autoridades procurando colocar a culpa nos adversários, etc, etc. O pais entrando em um torpor já previsível....

 

Imagem de Domínio Público (Wikimedia)

Mas afinal de contas do que estamos falando? De algo que se chama "energia". Mas afinal o que é "energia". Energia é definida pela Física Moderna como a capacidade de se realizar "trabalho". Existiriam várias formas de "energia": potencial, cinética, elétrica, térmica, nuclear, e assim por diante, que podem ser convertidas umas nas outras. Inclusive existiria uma forma de energia que os estudiosos não conseguem entender e que a denominaram "energia escura".

Potência seria a medida de energia dividida pelo tempo. Uma lâmpada LED moderna de 20 watts de potência pode proporcionar um ambiente relativamente iluminado numa pequena sala. Quando falamos em watts, estamos falando em Potência, ou seja em energia por tempo. Se esta lâmpada de 20 watts ficar acesa por uma hora, teremos o gasto de 20 watts.hora. Sempre lembrando que watt é unidade de potência e watt.hora é unidade de energia.

 Imagem de Domínio Público (Wikimedia)

 Muitas vezes são feitas confusões no noticiário sobre "energia", "potência" e até "trabalho". Para entendermos a atual crise, que esperamos breve, precisamos saber distinguir uma da outra. Uma família média brasileira (residência com 5 pessoas) consome cerca de 600 kwh (quilo watt hora) de Energia por mês. Considerando-se cerca de 700 horas por mês, para cada família brasileira seriam necessários cerca de 1 Kw de potência instalada.

Uma usina térmica de 350 Mega watts (como a fase C de Candiota)  corresponderia a uma potência de 350.000 Kw,  ou o suficiente para abastecer 350.000 residências com 5 pessoas cada, aproximadamente, ou 1.750.000 de pessoas. Assim se considerarmos toda a população brasileira, seriam necessárias cerca de quase 150 termelétricas do porte da fase C de Candiota para abastecer apenas o setor doméstico brasileiro. A Usina Hidrelétrica de Itaipu, em comparação, tem capacidade de 14.000 MW, ou o equivalente a 40 unidades da fase C de Candiota.

Fonte: Deni Williams (from Wikipedia)

Mas além do setor doméstico, temos o industrial, o comercial, o público, etc. Segundo os dados existentes temos cerca de 190.000 MW de geração de energia elétrica instalada. O nosso consumo total é na verdade bem maior, levando a uma importação de energia de países vizinhos. Estes fatos e dados são públicos e estão na Internet. Se houver algum erro ou desencontro, peço desculpas, estou usando as informações disponibilizadas. Mas o fato concreto é que, com um crescimento estimado de 4 % ao ano no consumo de energia, já sendo no momento deficitários, estamos realmente com problemas na area da energia, como sempre, e que deverão se agravar em futuro próximo.

Um atenuante momentâneo nisto tudo é que na verdade não estamos tendo nem sequer um consumo a todo vapor pois estamos a anos no meio de uma crise econômica que não dá mostra de esmorecer. Imagine se a economia resolver finalmente decolar??? Podemos pelo menos comemorar que a maior parte da geração de energia elétrica brasileira é verde, ou seja, usamos pouco combustível fóssil como carvão ou óleo combustível.

Mas afinal o que está havendo? No meio de toda esta informação desencontrada no noticiário, podemos ver que aparentemente ocorreu uma sobrecarga do sistema, e os disjuntores de segurança foram desligando o sistema, numa sequencia em cascata. Da mesmo forma como na nossa casa, se ligarmos tudo junto, o "sistema cai". Ai temos que sair desligando tudo e ir ligando os disjuntores, aos poucos e com cuidado. Ou seja, ao puxarmos muita energia em curto espaço de tempo, os disjuntores simplesmente desligam evitando uma tragédia maior, que seria a queima de todo o sistema.

O sistema elétrico de geração de energia elétrica no Brasil foi concebido em cima de grande projetos. Itaipu e as usinas nucleares em Angra dos Reis são bons exemplos disto, e assim por diante. Nossos políticos adoram estes projetos megalomaníacos. Por que será? Apesar de não ser um "especialista" na area, tenho 99,999% de certeza que leis que favoreçam projetos menores que possam democratizar a geração de energia irão ter uma oposição ferrenha dos políticos, por serem projetos onde eles não irão ter tanto poder nem influência. Para os políticos profissionais desta nossa nação, Democracia para muito deles é uma palavra que só interessa se puderem extrair vantagens para si. Esta crise energética em que nos encontramos é a prova mais cabal possível disso.

 Imagem de Domínio Público (Wikimedia)

As soluções estão felizmente ao nosso dispor. Energia eólica e solar estão em franco crescimento. Na falta de grandes projetos, pela total incapacidade de investimento pelo Estado, nada seria mais lógico que uma legislação que incentivasse a instalação de usinas de geração, particularmente a solar, mas não apenas. Pequenos projetos domésticos para suprir não apenas o usuário, mas para ser vendido para outros pela rede de distribuição.

Em outros países, existe regulamentação que permite de forma simples e não burocrática, a venda de energia excedente de uma determinada fonte de geração de energia para a distribuidora. Isso incentiva quem instala painéis solares na sua residência a usar toda a area disponível no telhado ou até mesmo no terreno. Assim temos toda uma democratização na produção de energia.

 Imagem de Domínio Público (Wikimedia)

As soluções passam por Brasília. Uma maior liberdade para pequenos investidores, menos impostos na geração primária de energia e mais comprometimento com o Brasil e os brasileiros. Enfim, um pouco de boa vontade, algo que pelo visto está em falta no centro do poder na capital federal. A maior prova disso é esse apagão. Uma legislação, moderna e de incentivo ao investimento no setor, mesmo pequenos, seria mais do que bem vinda.

Da próxima vez que o/a leitor/a passar por uma casa com apenas metade do telhado coberta com painéis solares, sugiro que se lembre destas breves linhas e reflita que todo o telhado poderia estar sendo usado para produzir energia, tão necessária, com benefício para todos.

Professor Sérgio Meth Morgenbesser

 

Para citar este artigo:

Morgenbesser, S. M. , Apagão, http://prof-sergiometh.blogspot.com/2023/08/apagao-15-de-agosto-de-2023.html

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