A mesma praça
Diz a lenda (de origem grega) que
quando Pandora abriu a caixa secreta dos deuses para ver o que causava tantos
ruídos dentro da caixa, dela saíram todos os males para afligir a humanidade.
Ao perceber o seu erro, ela teria fechado a caixa. Um ruído ainda havia na
caixa. Com muita desconfiança ela abriu a caixa e ai saiu a Esperança. A
Esperança seria assim o espírito que iria nos consolar no meio das tormentas da
vida. O filósofo alemão Nietzsche
certa vez escreveu que a Esperança seria na verdade o último dos males da Caixa
de Pandora.
Nos dias atuais, andar na nossa cidade está
começando a se tornar, tal como os males da Caixa de Pandora, uma tortura a nos
atormentar. O capim está tomando conta das praças e das ruas, sinais luminosos
estão quebrados já por semanas e a quantidade de lixo largado nas ruas aumenta
a cada dia. A situação está tão ruim que existe tanto mato nos canteiros
centrais que acaba se tornando uma aventura atravessar uma rua. Acidentes nos
cruzamentos da cidade onde os sinais luminosos deveriam estar funcionando se
tornaram parte do dia a dia. Cuidado é necessário ao andar nas calçadas para
não se escorregar em alguma casca de banana a espreita.
Obviamente a administração de uma
cidade do tamanho de Bagé é algo complexo e se torna necessário um desconto
para entendermos as limitações da administração, leia-se Prefeitura Municipal.
Mas as pessoas nos cargos da administração são também membros da comunidade e
assim como qualquer cidadão, também eles terão que atravessar ruas, passar em
cruzamentos ou simplesmente andar nas calçadas.
Não basta o anuncio de que será feita
uma licitação. Anúncios funcionam da mesma maneira que a Esperança nietzschiana
da Caixa de Pandora: ficamos a esperar por algo que “acontecerá”. Acontecerá?
Quando?
Escrevo estas linhas com a
preocupação das aulas que começam agora. Particularmente os canteiros no meio
das ruas se tornaram um perigo tremendo pela falta de visão ao se atravessar as
mesmas. Surpreendente é não termos tido nenhuma tragédia maior (que seja conhecida)
mas como na Lei de Murphy as chances de tal acontecer a partir de agora será
infinitamente maior com milhares de jovens indo e voltando da escola todo dia.
A Lei de Murphy é aquela que diz que a probabilidade de uma torrada cair com a
parte da manteiga para baixo é proporcional ao valor do tapete.
Ruas minimamente limpas e sem mato,
sinais luminosos funcionando, enfim que andar na nossa querida Rainha da
Fronteira não seja uma aventura digna de Tarzan é o que esperamos todos nós que
seja feito pela administração municipal.
Também não menos importante são as
nossas praças. Motivo de orgulho de todos nós, moradores de Bagé, não podem ser
deixadas de lado sem o devido cuidado. Tomar um chimarrão com família e amigos
numa tarde de domingo numa das nossas praças é um prazer que muitas vezes não
existem em outras cidades. Após uma semana cansativa em que a população gera a
riqueza que sustenta a comunidade, incluindo ai os impostos que são o
combustível do sistema público, nada mais prazeroso que uma tarde ensolarada em
um ambiente aconchegante como se espera de uma praça bem cuidada.
Deixo por fim a sugestão para os
gestores municipais de que os canteiros possam ser “adotados” pelas empresas
locais, com placas nos canteiros com os nomes das empresas adotadoras. Este
procedimento existe em outras cidades gaúchas e traria vantagens para todos. Ao
“adotar” um canteiro a empresa se compromete a cuidar e manter ali um pequeno
jardim. Com a natural disputa pelo canteiro mais bonito, isto traria beleza e
orgulho para a nossa cidade. Mais flores e menos mato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário