segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A mesma praça / Folha do Sul - 17.Fevereiro.2014



A mesma praça

Diz a lenda (de origem grega) que quando Pandora abriu a caixa secreta dos deuses para ver o que causava tantos ruídos dentro da caixa, dela saíram todos os males para afligir a humanidade. Ao perceber o seu erro, ela teria fechado a caixa. Um ruído ainda havia na caixa. Com muita desconfiança ela abriu a caixa e ai saiu a Esperança. A Esperança seria assim o espírito que iria nos consolar no meio das tormentas da vida. O filósofo alemão Nietzsche certa vez escreveu que a Esperança seria na verdade o último dos males da Caixa de Pandora.
Nos dias atuais, andar na nossa cidade está começando a se tornar, tal como os males da Caixa de Pandora, uma tortura a nos atormentar. O capim está tomando conta das praças e das ruas, sinais luminosos estão quebrados já por semanas e a quantidade de lixo largado nas ruas aumenta a cada dia. A situação está tão ruim que existe tanto mato nos canteiros centrais que acaba se tornando uma aventura atravessar uma rua. Acidentes nos cruzamentos da cidade onde os sinais luminosos deveriam estar funcionando se tornaram parte do dia a dia. Cuidado é necessário ao andar nas calçadas para não se escorregar em alguma casca de banana a espreita.
Obviamente a administração de uma cidade do tamanho de Bagé é algo complexo e se torna necessário um desconto para entendermos as limitações da administração, leia-se Prefeitura Municipal. Mas as pessoas nos cargos da administração são também membros da comunidade e assim como qualquer cidadão, também eles terão que atravessar ruas, passar em cruzamentos ou simplesmente andar nas calçadas.
Não basta o anuncio de que será feita uma licitação. Anúncios funcionam da mesma maneira que a Esperança nietzschiana da Caixa de Pandora: ficamos a esperar por algo que “acontecerá”. Acontecerá? Quando?
Escrevo estas linhas com a preocupação das aulas que começam agora. Particularmente os canteiros no meio das ruas se tornaram um perigo tremendo pela falta de visão ao se atravessar as mesmas. Surpreendente é não termos tido nenhuma tragédia maior (que seja conhecida) mas como na Lei de Murphy as chances de tal acontecer a partir de agora será infinitamente maior com milhares de jovens indo e voltando da escola todo dia. A Lei de Murphy é aquela que diz que a probabilidade de uma torrada cair com a parte da manteiga para baixo é proporcional ao valor do tapete.
Ruas minimamente limpas e sem mato, sinais luminosos funcionando, enfim que andar na nossa querida Rainha da Fronteira não seja uma aventura digna de Tarzan é o que esperamos todos nós que seja feito pela administração municipal.
Também não menos importante são as nossas praças. Motivo de orgulho de todos nós, moradores de Bagé, não podem ser deixadas de lado sem o devido cuidado. Tomar um chimarrão com família e amigos numa tarde de domingo numa das nossas praças é um prazer que muitas vezes não existem em outras cidades. Após uma semana cansativa em que a população gera a riqueza que sustenta a comunidade, incluindo ai os impostos que são o combustível do sistema público, nada mais prazeroso que uma tarde ensolarada em um ambiente aconchegante como se espera de uma praça bem cuidada.
Deixo por fim a sugestão para os gestores municipais de que os canteiros possam ser “adotados” pelas empresas locais, com placas nos canteiros com os nomes das empresas adotadoras. Este procedimento existe em outras cidades gaúchas e traria vantagens para todos. Ao “adotar” um canteiro a empresa se compromete a cuidar e manter ali um pequeno jardim. Com a natural disputa pelo canteiro mais bonito, isto traria beleza e orgulho para a nossa cidade. Mais flores e menos mato.

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