Pesquisa Científica
Ao se procurar num deste dicionários da Internet, pode-se encontrar: “é·ti·ca (latim ethica, -ae) substantivo feminino 1. Parte da Filosofia que estuda os fundamentos da moral. 2. Conjunto de regras de conduta. ética médica [Medicina] Conjunto dos problemas postos pela responsabilidade moral dos profissionais de saúde em relação aos pacientes” (www.priberam.pt). Com todo o alvoroço que ocorreu em torno do episódio do resgate (segundo o lado dos ativistas) ou aquisição ilegal (segundo o lado do laboratório de pesquisa) dos cães beagles em São Roque – SP, talvez seja necessária uma olhada em torno desta estória usando exatamente o que podemos tentar definir como ética na pesquisa, particularmente com animais. Certamente a definição do dicionario não nos ajuda muito.
Os nazistas na Segunda Guerra fizeram
uso de prisioneiros em experiências com pouco ou nenhum valor científico. Não
havia muitos valores éticos ou morais ali. Seres humanos foram sacrificados a
troco de nada. Nos dias de hoje, no mundo todo, de modo geral, experimentos em
seres humanos seguem todo um procedimento ético e legal para que sejam
executados, pelo menos aos olhos da lei, incluindo-se ai o Brasil. Muitas vezes
as exigências são tão grandes, particularmente nos Estados Unidos, que se deixa
um paciente morrer quando existe um remédio ainda experimental mas que pode
salvar a vida do mesmo. Poderíamos dizer que existe um excesso de zelo na
interpretação da lei, o que acaba prejudicando as pessoas que a lei deveria
exatamente ajudar.
No caso de experimento em animais, até
que ponto podemos ser livres para tais experimentos? Não pretendo aqui colocar
onde fica esta fronteira. Da mesma forma que devem existir limites para um uso
abusivo de experimentos em animais precisamos nos lembrar que existem pessoas
com doenças que não temos outro lugar para experimentar a não ser em animais
vertebrados, incluindo-se ai cães, gatos, macacos, etc. A pesquisa médica
simplesmente teria muitos problemas para podermos continuar a ter melhores
remédios e terapias. Como poderíamos saber se uma dada medicação é uma
esperança para um paciente com Alzheimer ou Câncer.
A questão ética, em todos os sentidos da
palavra, é: até onde podemos ir? Um animal que é levado a um abatedouro,
teoricamente deve ser morto com um mínimo de sofrimento. A não ser que nos
tornemos todos vegetarianos, animais continuarão a ser mortos para se tornarem
comida. Mas ao usarmos um animal em pesquisa, estamos causando sofrimento, as
vezes por um tempo prolongado, que pode ser desnecessário. O problema é que a
pesquisa é a esperança de pessoas muitas vezes em situação desesperadora.
Estamos hoje em cima de um debate onde dilemas morais estão se chocando de
forma intensa. A vida humana certamente tem precedente sobre um animal, mas até
que ponto podemos abusar de outras especies, principalmente daquelas com que
temos uma identificação maior, particularmente cães e macacos? A definição
desta fronteira ética, dentro do aceito hoje pela sociedade é de suma
importância para que a pesquisa médica possa continuar mas que ao mesmo tempo
não usemos animais de modo bárbaro em experimentos que podem ter nenhum
significado.
Dedico este artigo à Professora Valesca
e ao Professor Rippoli da UNIPAMPA-Bagé cujo amor e dedicação pelos animais é
sempre notável de ser visto.
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