segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pesquisa Científica / Folha do Sul - 04.Novembro.2013




Pesquisa Científica

Ao se procurar num deste dicionários da Internet, pode-se encontrar: “é·ti·ca (latim ethica, -ae) substantivo feminino 1. Parte da Filosofia que estuda os fundamentos da moral. 2. Conjunto de regras de conduta. ética médica [Medicina]  Conjunto dos problemas postos pela responsabilidade moral dos profissionais de saúde em relação aos pacientes (www.priberam.pt). Com todo o alvoroço que ocorreu em torno do episódio do resgate (segundo o lado dos ativistas) ou aquisição ilegal (segundo o lado do laboratório de pesquisa) dos cães beagles em São Roque – SP, talvez seja necessária uma olhada em torno desta estória usando exatamente o que podemos tentar definir como ética na pesquisa, particularmente com animais. Certamente a definição do dicionario não nos ajuda muito.

Os nazistas na Segunda Guerra fizeram uso de prisioneiros em experiências com pouco ou nenhum valor científico. Não havia muitos valores éticos ou morais ali. Seres humanos foram sacrificados a troco de nada. Nos dias de hoje, no mundo todo, de modo geral, experimentos em seres humanos seguem todo um procedimento ético e legal para que sejam executados, pelo menos aos olhos da lei, incluindo-se ai o Brasil. Muitas vezes as exigências são tão grandes, particularmente nos Estados Unidos, que se deixa um paciente morrer quando existe um remédio ainda experimental mas que pode salvar a vida do mesmo. Poderíamos dizer que existe um excesso de zelo na interpretação da lei, o que acaba prejudicando as pessoas que a lei deveria exatamente ajudar.
No caso de experimento em animais, até que ponto podemos ser livres para tais experimentos? Não pretendo aqui colocar onde fica esta fronteira. Da mesma forma que devem existir limites para um uso abusivo de experimentos em animais precisamos nos lembrar que existem pessoas com doenças que não temos outro lugar para experimentar a não ser em animais vertebrados, incluindo-se ai cães, gatos, macacos, etc. A pesquisa médica simplesmente teria muitos problemas para podermos continuar a ter melhores remédios e terapias. Como poderíamos saber se uma dada medicação é uma esperança para um paciente com Alzheimer ou Câncer.
A questão ética, em todos os sentidos da palavra, é: até onde podemos ir? Um animal que é levado a um abatedouro, teoricamente deve ser morto com um mínimo de sofrimento. A não ser que nos tornemos todos vegetarianos, animais continuarão a ser mortos para se tornarem comida. Mas ao usarmos um animal em pesquisa, estamos causando sofrimento, as vezes por um tempo prolongado, que pode ser desnecessário. O problema é que a pesquisa é a esperança de pessoas muitas vezes em situação desesperadora. Estamos hoje em cima de um debate onde dilemas morais estão se chocando de forma intensa. A vida humana certamente tem precedente sobre um animal, mas até que ponto podemos abusar de outras especies, principalmente daquelas com que temos uma identificação maior, particularmente cães e macacos? A definição desta fronteira ética, dentro do aceito hoje pela sociedade é de suma importância para que a pesquisa médica possa continuar mas que ao mesmo tempo não usemos animais de modo bárbaro em experimentos que podem ter nenhum significado.
Dedico este artigo à Professora Valesca e ao Professor Rippoli da UNIPAMPA-Bagé cujo amor e dedicação pelos animais é sempre notável de ser visto.

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